terça-feira

Duplex




Hoje me vi pensando em nosso corpo, nossa máquina... Coração, cabeça...

Pulmão.

Nas funções não biológicas e excenciais do nosso perfeito funcional. Pensei hoje nas imperfeições, no que pensamos e projetamos em nossa mente que faz nosso coração sentir...

A explosão celular, física e metabólica que induzimos o tempo todo, nossa circulação, movida ao nosso ar...

Nossa respiração!

Um dia soube de algo novo em mim, mas já estava contido dentro do meu ser, em cada parte do meu corpo, vivo e presente, mas calado.

E como um golpe na mente, acostumada a dominar a rotina, os cumprimentos, as
direções, os sentidos, os horários, as fisionomias e os gestos, as máscaras das risadas e do choro, nada pude controlar...



Minha mente projetava ódio, raiva, culpa, dor, medo e eu só conseguia pensar em achar algo que fosse resolvido, precisava achar uma solução lógica para tudo aquilo...

A mente só trabalhava, buscando portas, sentido, respostas, lógica, sequências...O coração pulsava, o pulmão se enchia de ar, o sangue movimentava e a maquina ia numa velocidade enlouquecedora para todos os lugares, pessoas e pensamentos, nas frases, nas perguntas e nas respostas...

O aperto e a dor, comprimia e tentava colocar tudo para para fora...




Mas as coisas às vezes não saem. Nem tudo que se pensa ou se sente sai... Porque não é conveniente, sábio ou sociável. A vida nos ensina diariamente, aprendemos muito, desde pequenos, bebês, a nos conter, nos gestos, nas palavras, nas risadas, nos sons, nos olhares e nos desejos... Não podemos espalhar dor, alegrias, (não vou voltar no assunto dos exageros), mas tudo tem que ser milimetricamente dosado, porque senão aborrece a normalidade dos que tem a serenidade de respirar o necessário, soltar pela boca e manter a pressão sanguínea estável!

Os estáveis devem ter pulmões limpos.

Mentes equilibradas.

Falam baixo e respiram...

Sim os pulmões, são quartos bem grandes, aqueles que apresentamos, como "guarda
tranqueira", onde  você guarda parte de sua vida, de suas memórias e de sua história..
A tranqueira que a gente não percebe, mas tá sempre carregando como um caramujo, grudado e rijo em nosso corpo...É a bagunça que não deixamos ninguém ver, porque temos que guardar nossas angústias, nossos medos, nossas aflições, nossas vontades sufocadas, nossos desejos, nossas gulas, nossos gritos de horror e medo, nossa indignação, nosso ar sujo que não podemos jogar, não só os desatinos de nossas praticas do corpo, mas a desordem de nossas mentes...

Coisas, coisinhas, bugiganga que puxamos pelo nosso nariz do mundo e enfiamos dentro do nosso corpo... E tudo isso fica lá guardadinho do nosso enorme e elástico pulmão.

Vai pondo nele que cabe, cabe tudo, cheiro de importados e importantes, cheiro dos escapamentos, cheiro de bicho, de gente, do cheiroso e do fedido, cheiro de vida e de morte, todos os cheiros que o seu nariz faz você cheirar e o seu coração impulsiona seu sangue a guardar...

Respira fundo, bem fundo e vai...A vida impulsiona a maquina.
Você
precisa seguir, cada um com o seu duplex!

Porque mesmo os cigarros, as drogas, os ambientes e
perveções que você deve ter cheirado, coloca tudo dentro dele e depois segue...
 
Ninguem precisa  (nem quer ver) ver seu quarto de bagunça!
 
Neste dia meu ar ficou tão pesado e gordo no meu quarto, por mais elástico que ele tentou ser não resistiu, ficou com uma pneumonia.

Pulmões ficam com pneumonia quando estão cheios de mágoas e angustias. Quando estão atolados de
sujeiras, de sapos grandes, de coisinhas pequenas que parecem que não, mas vai ocupando muito espaço, no seu grande e duplo espaço.
Um dia você precisa aprender a esvazia-los, a faxina, a ordem do armario e toda teórica relacionada a sua vida pessoalmente relacional financeira.
Aprendi a tentar esvazia-los chorando e dormindo.

Dormindo o ar é inóspito, aleatório e até mesmo descaracterizado de qualquer ligação com sua mente, mesmo que você durma no meio da rua ou num colchão com lençoes de cetim...

O ar será filtrado e expelido numa boa noite de sono. Seu sangue vai circular, sua mente vai estar em repouso...

O seu quarto se manterá como quando voce o deixou pela ultima vez... Chorando, pois chora-se com olhos abertos. porque você força ele a fazer uma faxina e esvaziar, como num desespero por tudo que se sente durante o choro, lava-se a alma e lava-se o pulmão...



quarta-feira

Noite




Sempre fui de um corpo noturno, desde criança... Preciso da noite para meus encontros.

Encontro de corpo e mente. Do que se vive, do que viveu... O saldo do dia, como, com quem e porque...

Sempre me senti melhor a noite, sempre... Parece que meu corpo se transforma, que meus impulsos se acalmam para aguçar os sentidos, as dosagens de sentimentos.

Meus pensamentos ficam num ritmo mais passado e mais centrado, consigo sentir cada coisa de cada vez...

Os ruídos me irritam profundamente e com isso mais que emoção do que objetividade e os pensamentos e decisões saem em atropelo, em meio ao caos...

A vida faz muito barulho, a movimentação impulsiona, levanta, ergue, segue,  mas confunde, distorce e enlouquece!

Só depois de muito tempo percebi que alguns encontros servem para que possamos experimentar a arte de pensar de forma organizada, ou seja, enganar a mente para o simples para que se possa dar conta do complexo.

Claro,o complexo no meio do eixão parece uma simples cutícula.

Cutículas podem ser pequenas ou grandes, um dia você vai ter que parar para pensar nelas, com mais cuidado com que vem pensando ou tendo a oportunidade de pensar...
Descobri isso com mais de 35 anos. Apesar de desde sempre meu corpo me avisar.

O grande eixo que movimenta o nosso dia não permite que possamos avaliar todos os nossos pensamentos. Precisamos do silêncio da noite para que possamos diluir nossas idéias, nossos diálogos, nossas conquistas e nossos sofrimentos.

Precisamos viver,reconhecendo e preservando nossa essencia, onde é necessário não só a produtividade através de esforços físicos e intelectuais, precisamos aglutinar, soltar, corresponder, comparar e finalmente contabilizar daquilo que se vive, para que não somente vá, nos arrombos, no supetão de nossa sobrevivência...

Na noite podemos ser o pensamento e não a ação.Podemos não o reagir e sim o digerir.

Podemos sim o dentro e não o fora...

sexta-feira

Os exageros




A vontade de conversar e as viagens intelectuais, me fazem mais falta do que o ar...

Sinto desejo dos risos, dos deboches, dos comentários, das conclusões precipitadas, dos ângulos tortos, das visões de quem não enxerga, dos comentários maldosos e dos despretensiosos, dos fatos, das experiencias da maturidade nas extensões dos detalhes, da imensidão dos pequenos laços, das mentiras envolvidas na nódoa dos sabores e dos goles...

A falta da troca me sufoca!

A rotina de serviços sem muita interferência intelectual só é uma questão de tempo, não tem sofrimento que resista e que não se dilua no tempo... Não há! Hoje posso imaginar situações horríveis em que as pessoas passam e penso não na facilidade que não tiveram, mas penso em como só, uma questão de hábito e tempo. 

Tempo e tempo e tempo e tempo... 

Com o tempo as coisas laceiam, as coisas afrouxam e dissolvem. Nada indolor, mas passam... E quando menos se espera, você sente-se bem... 

Imaginei celas, quando há luta pela sobrevivencia ao invés de viver, para o vivenciar. 


É notório que os dias são mais simples, pois é só seguir o mesmo roteiro, não há surpresas, máscaras ou intérpretes, voce acorda e sabe como ele vai terminar...


Só precisa respirar para que não perca o fôlego e o foco, que vai terminar no prazo, no tempo e como se esperam. 

As emoções não fazem parte do cronograma, as definições não permitem deslizes e sensações, é necessário concentração para executar seu ser de acordo com as normas pré estabelecidas... 


Os diálogos devem ter sentido, devem ser de forma que não movimente corpos, nem rostos, da boca deve sair palavras afáveis, nada pode conturbar muito o ambiente, pois o ciclo deve continuar, nas mesmas circunstancias e os fatos, não se desviam. Manter-se assim mantêm as convivências e agrada a plateia que não é ávida por discussões ou abusos, os lábios têm lugar certo para ficar, a pele é rígida, o rompimento machuca, marca. 


Contenha-se nos seus pensamentos, pois eles não são sonoros, contenha-os na caixa, na alma. Guarde tudo para os exagerados, produtores de conversas e contradições... 


Acumuladores de barulhos!


Exageros são sempre exageros e exageros nunca cabem nem em loucos e nem em tolos, são exageros...


Os exageros transbordam e sempre passam da conta e das medidas.


Os exageros gritam, não falam...


Os exageros não cabem em nenhum espaço...


Os exageros ocupam muitas coisas, atrapalham e aparecerem exageradamente demais para que as pessoas possa gostar.


Os exageros saem, não ficam. Os exageros irritam. Expelem e retraem. Os exageros causam e movem. O exagero peca, o exagero não dorme, o exagero não escolhe, o exagero provoca, o exagero sofre, porque é exageradamente rejeitado.


Exageros de Mãe
Millôr Fernandes

Já te disse mais de mil vezes que não quero ver você descalço. Nunca vi uma criança tão suja em toda a minha vida. Quando teu pai chegar você vai morrer de tanto apanhar. Oh, meu Deus do céu, esse menino me deixa completamente maluca. Estou aqui há mais de um século esperando e o senhor não vem tomar banho. Se você fizer isso outra vez nunca mais me sai de casa. Pois é, não come nada: é por isso que está aí com o esqueleto à mostra. Se te pegar outra vez mexendo no açucareiro, te corto a mão. Oh, meu Deus, eu sou a mulher mais infeliz do mundo. Não chora desse jeito que você vai acordar o prédio inteiro. Você pensa que seu pai só trabalha pra você chupar Chica-Bon? Mas, furou de novo o sapato: você acha que seu pai é dono de sapataria, pra lhe dar um sapato novo todo dia? Onde é que você se sujou dessa maneira: acabei de lhe botar essa roupa não faz cinco minutos! Passei a noite toda acordada com o choro dele. Eu juro que um dia eu largo isso tudo e nunca ninguém mais me vê. Não se passa um dia que eu não tenha que dizer a mesma coisa. Não quero mais ver você brincando com esses moleques, esta é a última vez que estou lhe avisando.

Texto extraído do livro "'10 em Humor", Editora Expressão e Cultura - Rio de Janeiro, 1968, pág. 15.

Tudo sobre 
Millôr Fernandes e sua obra em "Biografias".

quinta-feira

Tempos de honra


(Foto Reinaldo Azevedo)

Não vou justificar o injustificável...

O tempo nos leva pelas pernas e nestes pacotes familiares com filhos, marido,casa, trabalho e ainda que um resto de você, ele não passa, ele voa...Devora, mastigando nossos anos... As crianças vão espichando, espichando... Os pezinhos tão bonitinhos, redondinhos e lisinhos vão ficando grandes e ásperos, as calças encurtam, os dentes perfeitinhos de leite, vão dando espaço aos dentões que vão segui-los vida afora e nós? Vamos nos  sentindo impotentes diante dos fatos consumados ali, dia a dia, na sua frente, sem dó nem piedade...

Ando muito cansada de não ter tempo para eu mesma. Filhos são parte do seu ser e de seu crescimento como gente. Tipo daquilo que não aprendemos com ninguém e em nenhum lugar, nem através de confissões ou de leituras, são pura experiência, é na carne e na alma... São explosões de sentimentos de raiva e amor, cansaço e prazer, dor boa, dor ruim, sorriso largo e às vezes forçados de alguém que nem sempre tem algo para dar. Sentimento de satisfação e fracasso em segundos, correria, fraqueza e fortaleza. Orgulho e desânimo, up e down, choro, risos, sono pouco, sono muito, desejos, anseios, decepções, achismos, bobagens, o forte e o fraco, tudo isso misturado no liquidificador... Every day, querendo ou não, de ressaca ou de dieta, não interessa, beba num gole só, mesmo o puro amargo e o muito doce, pois são escolhas, as escolhas devem ser sempre honradas, sempre....

(Desenho do blog http://artstetura.blogspot.com/- Danilo)

Hoje não há mais honra! Ficou muito fácil fingir que não se sabe... Que não conhece as importâncias....

Há quem nunca a conheceu.. E nem quer conhecê-la! Eu sou do tempo que não se usava mais mesmo, mas o  o pior é que se debocha dela... Mas assim mesmo a valorizo muito. Ainda que às vezes,  sinto vontade de deixa-la num canto qualquer... Só para poder sentir outros movimentos... Não consigo! E não foi criação não... Nem de exemplos... Foi assim como uma margarida amarela e simplória,  no meio do concreto...

Quis brotar e ficar, pronto... Está ali, balança, murcha, mas sobrevive, firme e forte...Tá bom assim, tá pronta!

Eu já a vejo como uma persistente e perseverante, de sentimentos mais para haste, do que para as pétalas...

Teimosa...

Por mais que passem caminhões de lixo ou limosines cor de rosa, ela está lá! Chacoalha de um lado, capenga de outro, mas mantem-se na roupa para quem é de trajes e de cor para quem é de sonhos...

Colorida no meio do cinza, ora indiferente com os redores, ora comum... Mas flor!

E já que é para ser flor no meio do concreto e cada um sabe o que deve ser, sendo o que é... Honra aquilo de que é feita...




Eu sei o que devo, não importa se quero mais ou não...

Alguém já perguntou para a flor se no meio do cimentão, com aquela cara rachada, no duro e no escuro, se ela queria desistir de ser flor?

Acho que ela até já pensou nisso... Quem sabe,  viver num belo jardim, ou numa casa que a dona até conversa comigo.... Mas ela se propôs a nascer lá, quebrar o concreto e ser fotografada... E é o melhor que ela pode fazer por hora...

Respira, concentra no cinza, fica colorida e parada... Ergue o rosto, solte os braços...Vou lhe fotografar!



Bjs no coração e força na alma,  para quem ainda consegue ser flor...




sexta-feira

Meus amigos,votos e desejos para todos nós!




Gente... Tenho tanta coisa para contar e compartilhar que nem sei o que escrever primeiro...
(Dívidas estou com todos sem excessão, mas ainda vou pagar com juros e correção de carinho...)

Meus últimos meses deste ano têm sido em alta velocidade, não vou mentir que não gosto da correria, mas sinto o cansaço deste ano tão cheio de novidades no meu interior e fora dele...

Muitas coisas já relatei aqui, como a dispensa do trabalho que tanto gostava logo no começo do ano, na seqüência o nascimento da nossa pequena Brisa, que, mesmo eu não sendo uma marinheira de primeira viagem, posso lhes garantir que cada filho é um filho. Não tenha dúvidas de que se tiverem dez filhos, os dez serão sempre uma surpresa em relação ao comportamento e personalidade. Para quem não sabe, fique sabendo, bebês já nascem com uma personalidade sim e não faz questão nenhuma de esconder isso de um adulto, o que eu acho mais interessante de tudo, pois, com o tempo vamos perdendo a nossa capacidade, a sinceridade e a naturalidade e, vamos nos fantasiando de gente complicada, gente que anda conforme o mundo quer, ou aceite que somos....

Os diferentes sempre são muitos sacrificados, porque afinal de contas, as regras existentes é para a maioria e não para minoria. Pessoas que pensam ou agem de forma diferente, passa sempre por avaliações, criticas e provavelmente sempre é reprovado, porque o mundo não suporta as coisas que saem fora do padrão.

Mas os bebês e as crianças, "não tão nem ai" (ainda), com o mundo e sua opinião hipócrita e preconceituosa. Vivem até os canais, escolas, amigos e tudo mais o que irem inserindo conceitos que todos vão seguir, Barbies, Ben 10, Pollys, etc etc, essas coisas que em cada cem mães, cento em uma passam...

Adultos que não curtem crianças têm problemas de aceitar os diferentes... Podem reparar, gente que fala que não gosta de criança, provavelmente é uma pessoa metódica e preconceituosa, porque a gente deve gostar de criança, não só porque são maravilhosamente lindas, mas porque ainda são seres humanos inteiros, menos contaminados, mais puros e ingênuos, coisa que só se vê nesta fase da vida ou em alguns casos raros, de gente que se preserva como humano dentre a selva.

Sou uma pessoa que conquistei e ainda conquisto muito, mas não tem como, não vivo numa caixa com meus troféus, derrotas e pessoas que amo, conviver com todos e tudo, porque, assim posso experimentar e depois falar. Acho que é isso que todos deveriam fazer antes de criticar....

A correria tem tudo haver com isso, porque nestes últimos meses vivi muitas coisas e para não me deixar abater com os movimentos que o mundão dá, com as decepções que todos passamos em relações às varias atitudes alheias, vou indo de cá para lá, buscando lugares, vivências, amizades, novas experiências, enfim vivendo e vivendo como todos vocês...

Tenho muita coisa para falar daquilo que sinto e como me transformo a cada dia que passo, em minhas rupturas, juntando e afastando, sendo e não sendo, rindo, chorando, amando e não amando... Optando por ser e estar na vida de pessoas e comportamentos que eu gosto ou não, mas sempre experimentando o outro, experimentando viver diferente e sentindo os gostos de vidas alheias...

Assim que eu sou e é assim que vou continuar caminhando...

Minhas filhas hoje são sem dúvida, a oportunidade que Deus me deu de viver de novo com 6 anos e também com 11 meses, vivo cada descoberta, cada alimento diferente, cada lugar e sensação com elas, vivo suas dúvidas, vivo suas expectativas e seus desejos de avançar de peito aberto para vida, sem restrições ou preconceitos, apenas para o viver, apenas para compartilhá-lo, apenas para o sentir, apenas para experimentar e dizer depois ahhhh, eu gostei! Ahhh eu não gostei... Não há medos, pois a ingenuidade faz com que não existam as amarras, amarras que colocamos junto com as mágoas, com os anos em que nos esquecemos de sermos livres e comuns, como crianças, simplesmente, de braços abertos às relações, o sorriso sempre no rosto, de coração e de alma livres, sem as cordas... Sem as prisões das culpas, dos sentimentos que pensam e engordam nosso espírito, outrora tão leve...




Desejo que em 2011, caso você não possa conviver com uma criança, viva com ela dentro de si!

Que Deus ilumine a vida de cada um que passou ou passa por aqui!

De coração, muito obrigada a todos vocês que me deram tanto carinho este ano todo!

...
Votos e desejos para 2011...

Amar a vida, cada dia com mais força e com mais fé...


Acreditar no poder da amizade e na alegria de fazer amigos...


Procurar guardar no coração apenas aquilo que constrói, edifica, eleva...


Alimentar sonhos, mesmo que pareçam impossíveis...


Conservar a esperança de que muita coisa pode ser mudada, não importa o tempo da espera...


Perseguir o ideal almejado, com todas as forças do corpo e da alma...


Ser - em cada dia do Ano Novo que começa - aquele que auxilia e acalma...


Olhar o outro como companheiro, complemento, razão de enriquecimento e crescimento, sempre...


Jamais desistir, se a causa é justa e verdadeira...


Continuar andando, apesar das quedas inevitáveis...


Valorizar tudo o que mereceu viver até agora, como graças e bençãos merecedoras de reconhecimento eterno...

(Texto que recebi de minha amiga Ana Lucia por e-mail, desconheço o autor)


Desejo também mais disciplina com meu blog em 2011...rsrsrs

domingo

Minha amiga secreta virtual...



Através do carinhoso convite da Esther (Blog Uni versos), estou aqui com minha participação no "2° Amigo Secreto Virtual de Natal" pois achei muito bacana a proposta do desafio de:

Falar de alguém que nunca havia lido, sendo assim, não conhecia e ainda assim, lhe fazer uma homenagem...

Minha secreta amiga, tenho aqui hoje um grande DESAFIO de:

Escrever sobre alguém que gosta muito de musicas e de poesias;

Uma pessoa que gosta demais de homenagear pessoas...

?

Que usa essencialmente seu blog para dar carinho e afeto aos demais;

Que busca um grande amor verdadeiro, mas já com muito deste, em seu coração...


?

Desafio porque é nas diferenças que aprendemos que, só assim nos conheceremos mais e melhor.

Desafio de fazer para tí um ACRÓSTICO, algo de que tanto gosta, para assim te homenagear,  que até então era bem acrosticamente falando algo que acroticamente eu não conhecia.

E é assim, quando acreditamos em nossos pré conceitos, de com quem aprender e para que, mais um exemplo de que sempre é possível aprender, mesmo que a pessoa em que você conheça, a princípio não se pareça com você...

Vivendo e se possível aprendendo, porque oportunidades, a vida sempre nos dá!

Aprender com os sorrisos e os choros, com as quedas e com as vitórias, mas principalmente aprendendo com pessoas, que são sempre uma vastidão de experiências para compartilhar...


Mulher, tu quem procuras um grande e verdadeiro

Amor, vou lhe dizer algo sobre "ele" e o porque hoje, são como verdadeiras raridades...

Jóias, porque o amor não é só um sentimento não, é uma grande e forte

Opção de vida, uma opção única, onde há sentimentos, mas é feito principalmente de atitudes e honra em relação aos 

Laços criados durante este estabelecimento de amor, sim o amor se estabelece, por isso não adianta

Ir de encontro de amores sem atitudes, porque amores assim  se perdem e voam com o tempo...

Minha amiga secreta do (...), obrigada pela singela oportunidade de 'ACROSTICAR" e desejo de todo coração que você viva um verdadeiro amor, porque o resto com certeza você conquista!

Bom domingo e fiquem com Deus!!!

(Esther obrigada mais uma vez por me mandar trocentos e-mails me lembrando do compromisso, sabes que sou péssima com datas e textos com temas pré determinados, obrigada por me tirar recesso quase que obrigatório...)

quarta-feira

Felicidade Suprema




Eu soube, por estes dias, da estreia do filme do Arnaldo Jabor, "A Suprema Felicidade", marcada para a próxima sexta, dia 29.

Mas, não vou me atrever a comentar sobre o filme ou  me aprofundar nos aspectos técnicos ou artísticos, nem mesmo sobre a direção, o roteiro, os atores e as atrizes, pois não tenho essa facilidade e nem o conhecimento necessário, como meus amigos: Sandra(Apenas uma vez), Rafael(Baú do Jamal) e Luis Fabiano (Blog do Luis Fabiano), cinéfilos e críticos de muito bom senso e bom gosto, com suas argumentações inteligentes e diferentes entre si, relatam sobre os filmes, de maneira brilhante em seus blogs. 

Vou apenas dizer que sou fã do Jabor, assim como muitos (vou tentar explicar o por quê)  e que vou com certeza assistir seu trabalho, após seu jejum de quase 20 anos.

O Jabor é do tipo que se ama ou se odeia, não tem meio termo. E eu me identinfico muito com ele. Identificação, não com a forma (quem me dera) mas como ele se mostra, através de seus textos e críticas... Me enxergo em suas experiências, pois, assim como ele, não tenho muito jogo de cintura não, sou daquelas que mergulha nas situações e vivo totalmente cada momento, nas suas delícias e dificuldades e sem meias palavras, digo o que sinto em relação às pessoas e ao mundo, sem me preocupar com a sensibilidade alheia.

Isto é odiável para uns, aprendizado para outros, pois como o Jabor, sinto que os extremos ainda são meus pontos ideais, não sei viver no muro, no banho  morno, no depende, no quem sabe, no Maria vai com as outras, no nhem nhenhem nhem  e na frescura de quem não sabe se vai ou se fica... Tomo minhas decisões e parto com o peito aberto, aberto às críticas e aplausos, e o que vier é lucro, pois já estou no comando do trator, então de qualquer forma vou passar por cima das turbulências e  nos desníveis dos solos, porém, me atentando aos seres,  não mato as criaturas que vivem nos buracos, nos arbustos , arvores ou nos caminhos... Respeito a vida e respeito acima de tudo meus princípios de não prejudicar o outro para benefício ou felicidade própria. Não vou pisar na cabeça do outro, para me manter em pé....




Há de se ter respeito pelo que se é ou que se tenta ser, mesmo que o cadeira com encosto alto lhe pareça a mais confortável. Ser gente realmente não é para qualquer humano, dá um trabalho animal. Tal como enxergar onde há felicidade, nos grandes e pequenos gestos, precisamos lixar bastante a alma, para que ela possa absorver os tons da vida...

Felicidade é algo tão pessoal, tal como os perfumes e os cheiros. Precisa saber usar, sem abusar, porque senão fede.

O filme ainda não assisti, mas creio eu, que ele não deve estar preocupado com as criticas, negativas e positivas que andam publicando por ai, pois o que ele quer falar mesmo é de felicidade suprema (e extrema) para isso, com certeza não se preocupou nem os com Chicos e nem com os Franciscos, simplesmente dará o seu recado e quem quiser, como diz minha amiga Luna (Palavras...Apenas momentos), que coma de colherada!

O texto abaixo, foi publicado em 3 de Agosto de 2010, no Jornal "Correio Popular", aqui de Campinas, e eu recortei e guardei para um dia publicar no blog.

Ainda bem, surgiu a oportunidade...

Espero que gostem e obrigada por ainda permanecerem por aqui, mesmo em minhas raras visitas em seus blogs e oportunidades de retribuir o carinho, sempre presentes!

A felicidade é uma obrigação de mercado

"Acabou o tempo do happy end"

Desculpem a autorreferência, mas estou terminando meu filme “A Suprema Felicidade”, que me tomou três anos, entre roteiro, preparação e filmagem. Agora, sairá a primeira cópia.

Amigos me perguntam: “Que é essa tal de ‘A Suprema Felicidade’? Onde está a felicidade?” Eu penso: que felicidade? A de ontem ou a de hoje?

Antigamente, a felicidade era uma missão a ser cumprida, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros; a felicidade demandava sacrifício. Olhando os retratos antigos, vemos que a felicidade masculina estava ligada à ideia de “dignidade”, vitória de um projeto de poder. Vemos os barbudos do século 19 de nariz empinado, perfis de medalha, tirânicos sobre a mulher e os filhos, ocupados em realizar a “felicidade” da família. Mas, quando eu era criança, via em meus parentes, em minha casa, que a tal felicidade era cortada por uma certa tristeza, quase desejada. Já tinha começado o desgaste das famílias nucleares pelo ritmo da modernidade.

Hoje, a felicidade é uma obrigação de mercado. Ser deprimido não é mais “comercial”. A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja.

A felicidade hoje é “não” ver. Felicidade é uma lista de negações. Não ter câncer, não ler jornal, não sofrer pelas desgraças, não olhar os meninhos-malabaristas no sinal, não ter coração.

O mercado demanda uma felicidade dinâmica e incessante, cada vez mais confundida com consumo, fast food da alma. A felicidade é ter bom funcionamento. Há décadas, o precursor McLuhan falou que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos. Hoje, nós é que somos extensões das coisas. Fulano é a extensão de um banco, sicrano comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liquidificador. Assim como a mulher deseja ser um objeto de consumo, como um avião, uma máquina peituda e bunduda, o homem também quer ser uma metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente – e, mais que tudo, um grande pênis voador.

A ideia de felicidade é ser desejado. Felicidade é ser consumido.

Dirão vocês: “Bem, resta-nos o amor...”. Mas, aonde anda, hoje em dia, esta pulsão chamada “amor”?

O amor não tem mais porto, não tem local para ancorar, não tem mais a família nuclear para se abrigar. O amor ficou pelas ruas, em busca de objeto, esfarrapado, sem rumo. Não temos mais músicas românticas, nem o lento perder-se dentro de “olhos de ressaca”, nem o formicida com guaraná. Mas, mesmo assim, continuamos ansiando por uma felicidade impalpável.

Se isso é um bem ou um mal, não sei. Mas é inevitável. Temos de parar de sofrer romanticamente porque definhou o antigo amor.... No entanto, continuamos – amantes ou filósofos – a sonhar como uma volta ao passado que julgávamos que seria harmônica. Temos a nostalgia lírica por alguma coisa que pode voltar atrás. Não volta. Nada volta atrás.

Sem a promessa de eternidade, tudo vira uma aventura. Em vez da felicidade, temos o gozo rápido do sexo ou o longo sofrimento gozoso do amor; só restaram as fortes emoções, a deliciosa dor, as lágrimas, motéis, perdas, retornos, desertos, luzes brilhantes ou mortiças, a chuva, o sol, o nada. O amor, hoje, é o cultivo da intensidade contra a eternidade. O amor, para ser eterno hoje em dia, paga o preço de ficar irrealizado. Aí, a dor vem como prazer, a saudade como excitação, a parte como o todo, o instante como eterno.

Há de perder esperanças antigas e talvez celebrar um sonho mais efêmero. É o fim do happy end, pois na verdade tudo acaba mal na vida. Estamos diante do fim da insuportável felicidade obrigatória. Em tudo. Não adianta lamentar a impossibilidade do amor. Cada vez mais, só o parcial nos excita. O verdadeiro amor total está ficando impossível, como as narrativas romanescas. Não se chega a lugar nenhum porque não há onde chegar. A felicidade não é sair do mundo, como privilegiados seres, como estrelas de cinema, mas é entrar em contato com a trágica substância de tudo, com o não-sentido, das galáxias até o orgasmo. Usamos uma máscara sorridente, um disfarce para nos proteger desse abismo. Mas, esse abismo é também nossa salvação. A aceitação do incompleto é um chamado à vida.

Temos de ser felizes sem esperança. E este artigo não é pessimista...

Arnaldo Jabor
Crítico, cineasta e jornalista carioca