sexta-feira

Meus amigos,votos e desejos para todos nós!




Gente... Tenho tanta coisa para contar e compartilhar que nem sei o que escrever primeiro...
(Dívidas estou com todos sem excessão, mas ainda vou pagar com juros e correção de carinho...)

Meus últimos meses deste ano têm sido em alta velocidade, não vou mentir que não gosto da correria, mas sinto o cansaço deste ano tão cheio de novidades no meu interior e fora dele...

Muitas coisas já relatei aqui, como a dispensa do trabalho que tanto gostava logo no começo do ano, na seqüência o nascimento da nossa pequena Brisa, que, mesmo eu não sendo uma marinheira de primeira viagem, posso lhes garantir que cada filho é um filho. Não tenha dúvidas de que se tiverem dez filhos, os dez serão sempre uma surpresa em relação ao comportamento e personalidade. Para quem não sabe, fique sabendo, bebês já nascem com uma personalidade sim e não faz questão nenhuma de esconder isso de um adulto, o que eu acho mais interessante de tudo, pois, com o tempo vamos perdendo a nossa capacidade, a sinceridade e a naturalidade e, vamos nos fantasiando de gente complicada, gente que anda conforme o mundo quer, ou aceite que somos....

Os diferentes sempre são muitos sacrificados, porque afinal de contas, as regras existentes é para a maioria e não para minoria. Pessoas que pensam ou agem de forma diferente, passa sempre por avaliações, criticas e provavelmente sempre é reprovado, porque o mundo não suporta as coisas que saem fora do padrão.

Mas os bebês e as crianças, "não tão nem ai" (ainda), com o mundo e sua opinião hipócrita e preconceituosa. Vivem até os canais, escolas, amigos e tudo mais o que irem inserindo conceitos que todos vão seguir, Barbies, Ben 10, Pollys, etc etc, essas coisas que em cada cem mães, cento em uma passam...

Adultos que não curtem crianças têm problemas de aceitar os diferentes... Podem reparar, gente que fala que não gosta de criança, provavelmente é uma pessoa metódica e preconceituosa, porque a gente deve gostar de criança, não só porque são maravilhosamente lindas, mas porque ainda são seres humanos inteiros, menos contaminados, mais puros e ingênuos, coisa que só se vê nesta fase da vida ou em alguns casos raros, de gente que se preserva como humano dentre a selva.

Sou uma pessoa que conquistei e ainda conquisto muito, mas não tem como, não vivo numa caixa com meus troféus, derrotas e pessoas que amo, conviver com todos e tudo, porque, assim posso experimentar e depois falar. Acho que é isso que todos deveriam fazer antes de criticar....

A correria tem tudo haver com isso, porque nestes últimos meses vivi muitas coisas e para não me deixar abater com os movimentos que o mundão dá, com as decepções que todos passamos em relações às varias atitudes alheias, vou indo de cá para lá, buscando lugares, vivências, amizades, novas experiências, enfim vivendo e vivendo como todos vocês...

Tenho muita coisa para falar daquilo que sinto e como me transformo a cada dia que passo, em minhas rupturas, juntando e afastando, sendo e não sendo, rindo, chorando, amando e não amando... Optando por ser e estar na vida de pessoas e comportamentos que eu gosto ou não, mas sempre experimentando o outro, experimentando viver diferente e sentindo os gostos de vidas alheias...

Assim que eu sou e é assim que vou continuar caminhando...

Minhas filhas hoje são sem dúvida, a oportunidade que Deus me deu de viver de novo com 6 anos e também com 11 meses, vivo cada descoberta, cada alimento diferente, cada lugar e sensação com elas, vivo suas dúvidas, vivo suas expectativas e seus desejos de avançar de peito aberto para vida, sem restrições ou preconceitos, apenas para o viver, apenas para compartilhá-lo, apenas para o sentir, apenas para experimentar e dizer depois ahhhh, eu gostei! Ahhh eu não gostei... Não há medos, pois a ingenuidade faz com que não existam as amarras, amarras que colocamos junto com as mágoas, com os anos em que nos esquecemos de sermos livres e comuns, como crianças, simplesmente, de braços abertos às relações, o sorriso sempre no rosto, de coração e de alma livres, sem as cordas... Sem as prisões das culpas, dos sentimentos que pensam e engordam nosso espírito, outrora tão leve...




Desejo que em 2011, caso você não possa conviver com uma criança, viva com ela dentro de si!

Que Deus ilumine a vida de cada um que passou ou passa por aqui!

De coração, muito obrigada a todos vocês que me deram tanto carinho este ano todo!

...
Votos e desejos para 2011...

Amar a vida, cada dia com mais força e com mais fé...


Acreditar no poder da amizade e na alegria de fazer amigos...


Procurar guardar no coração apenas aquilo que constrói, edifica, eleva...


Alimentar sonhos, mesmo que pareçam impossíveis...


Conservar a esperança de que muita coisa pode ser mudada, não importa o tempo da espera...


Perseguir o ideal almejado, com todas as forças do corpo e da alma...


Ser - em cada dia do Ano Novo que começa - aquele que auxilia e acalma...


Olhar o outro como companheiro, complemento, razão de enriquecimento e crescimento, sempre...


Jamais desistir, se a causa é justa e verdadeira...


Continuar andando, apesar das quedas inevitáveis...


Valorizar tudo o que mereceu viver até agora, como graças e bençãos merecedoras de reconhecimento eterno...

(Texto que recebi de minha amiga Ana Lucia por e-mail, desconheço o autor)


Desejo também mais disciplina com meu blog em 2011...rsrsrs

domingo

Minha amiga secreta virtual...



Através do carinhoso convite da Esther (Blog Uni versos), estou aqui com minha participação no "2° Amigo Secreto Virtual de Natal" pois achei muito bacana a proposta do desafio de:

Falar de alguém que nunca havia lido, sendo assim, não conhecia e ainda assim, lhe fazer uma homenagem...

Minha secreta amiga, tenho aqui hoje um grande DESAFIO de:

Escrever sobre alguém que gosta muito de musicas e de poesias;

Uma pessoa que gosta demais de homenagear pessoas...

?

Que usa essencialmente seu blog para dar carinho e afeto aos demais;

Que busca um grande amor verdadeiro, mas já com muito deste, em seu coração...


?

Desafio porque é nas diferenças que aprendemos que, só assim nos conheceremos mais e melhor.

Desafio de fazer para tí um ACRÓSTICO, algo de que tanto gosta, para assim te homenagear,  que até então era bem acrosticamente falando algo que acroticamente eu não conhecia.

E é assim, quando acreditamos em nossos pré conceitos, de com quem aprender e para que, mais um exemplo de que sempre é possível aprender, mesmo que a pessoa em que você conheça, a princípio não se pareça com você...

Vivendo e se possível aprendendo, porque oportunidades, a vida sempre nos dá!

Aprender com os sorrisos e os choros, com as quedas e com as vitórias, mas principalmente aprendendo com pessoas, que são sempre uma vastidão de experiências para compartilhar...


Mulher, tu quem procuras um grande e verdadeiro

Amor, vou lhe dizer algo sobre "ele" e o porque hoje, são como verdadeiras raridades...

Jóias, porque o amor não é só um sentimento não, é uma grande e forte

Opção de vida, uma opção única, onde há sentimentos, mas é feito principalmente de atitudes e honra em relação aos 

Laços criados durante este estabelecimento de amor, sim o amor se estabelece, por isso não adianta

Ir de encontro de amores sem atitudes, porque amores assim  se perdem e voam com o tempo...

Minha amiga secreta do (...), obrigada pela singela oportunidade de 'ACROSTICAR" e desejo de todo coração que você viva um verdadeiro amor, porque o resto com certeza você conquista!

Bom domingo e fiquem com Deus!!!

(Esther obrigada mais uma vez por me mandar trocentos e-mails me lembrando do compromisso, sabes que sou péssima com datas e textos com temas pré determinados, obrigada por me tirar recesso quase que obrigatório...)

quarta-feira

Felicidade Suprema




Eu soube, por estes dias, da estreia do filme do Arnaldo Jabor, "A Suprema Felicidade", marcada para a próxima sexta, dia 29.

Mas, não vou me atrever a comentar sobre o filme ou  me aprofundar nos aspectos técnicos ou artísticos, nem mesmo sobre a direção, o roteiro, os atores e as atrizes, pois não tenho essa facilidade e nem o conhecimento necessário, como meus amigos: Sandra(Apenas uma vez), Rafael(Baú do Jamal) e Luis Fabiano (Blog do Luis Fabiano), cinéfilos e críticos de muito bom senso e bom gosto, com suas argumentações inteligentes e diferentes entre si, relatam sobre os filmes, de maneira brilhante em seus blogs. 

Vou apenas dizer que sou fã do Jabor, assim como muitos (vou tentar explicar o por quê)  e que vou com certeza assistir seu trabalho, após seu jejum de quase 20 anos.

O Jabor é do tipo que se ama ou se odeia, não tem meio termo. E eu me identinfico muito com ele. Identificação, não com a forma (quem me dera) mas como ele se mostra, através de seus textos e críticas... Me enxergo em suas experiências, pois, assim como ele, não tenho muito jogo de cintura não, sou daquelas que mergulha nas situações e vivo totalmente cada momento, nas suas delícias e dificuldades e sem meias palavras, digo o que sinto em relação às pessoas e ao mundo, sem me preocupar com a sensibilidade alheia.

Isto é odiável para uns, aprendizado para outros, pois como o Jabor, sinto que os extremos ainda são meus pontos ideais, não sei viver no muro, no banho  morno, no depende, no quem sabe, no Maria vai com as outras, no nhem nhenhem nhem  e na frescura de quem não sabe se vai ou se fica... Tomo minhas decisões e parto com o peito aberto, aberto às críticas e aplausos, e o que vier é lucro, pois já estou no comando do trator, então de qualquer forma vou passar por cima das turbulências e  nos desníveis dos solos, porém, me atentando aos seres,  não mato as criaturas que vivem nos buracos, nos arbustos , arvores ou nos caminhos... Respeito a vida e respeito acima de tudo meus princípios de não prejudicar o outro para benefício ou felicidade própria. Não vou pisar na cabeça do outro, para me manter em pé....




Há de se ter respeito pelo que se é ou que se tenta ser, mesmo que o cadeira com encosto alto lhe pareça a mais confortável. Ser gente realmente não é para qualquer humano, dá um trabalho animal. Tal como enxergar onde há felicidade, nos grandes e pequenos gestos, precisamos lixar bastante a alma, para que ela possa absorver os tons da vida...

Felicidade é algo tão pessoal, tal como os perfumes e os cheiros. Precisa saber usar, sem abusar, porque senão fede.

O filme ainda não assisti, mas creio eu, que ele não deve estar preocupado com as criticas, negativas e positivas que andam publicando por ai, pois o que ele quer falar mesmo é de felicidade suprema (e extrema) para isso, com certeza não se preocupou nem os com Chicos e nem com os Franciscos, simplesmente dará o seu recado e quem quiser, como diz minha amiga Luna (Palavras...Apenas momentos), que coma de colherada!

O texto abaixo, foi publicado em 3 de Agosto de 2010, no Jornal "Correio Popular", aqui de Campinas, e eu recortei e guardei para um dia publicar no blog.

Ainda bem, surgiu a oportunidade...

Espero que gostem e obrigada por ainda permanecerem por aqui, mesmo em minhas raras visitas em seus blogs e oportunidades de retribuir o carinho, sempre presentes!

A felicidade é uma obrigação de mercado

"Acabou o tempo do happy end"

Desculpem a autorreferência, mas estou terminando meu filme “A Suprema Felicidade”, que me tomou três anos, entre roteiro, preparação e filmagem. Agora, sairá a primeira cópia.

Amigos me perguntam: “Que é essa tal de ‘A Suprema Felicidade’? Onde está a felicidade?” Eu penso: que felicidade? A de ontem ou a de hoje?

Antigamente, a felicidade era uma missão a ser cumprida, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros; a felicidade demandava sacrifício. Olhando os retratos antigos, vemos que a felicidade masculina estava ligada à ideia de “dignidade”, vitória de um projeto de poder. Vemos os barbudos do século 19 de nariz empinado, perfis de medalha, tirânicos sobre a mulher e os filhos, ocupados em realizar a “felicidade” da família. Mas, quando eu era criança, via em meus parentes, em minha casa, que a tal felicidade era cortada por uma certa tristeza, quase desejada. Já tinha começado o desgaste das famílias nucleares pelo ritmo da modernidade.

Hoje, a felicidade é uma obrigação de mercado. Ser deprimido não é mais “comercial”. A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja.

A felicidade hoje é “não” ver. Felicidade é uma lista de negações. Não ter câncer, não ler jornal, não sofrer pelas desgraças, não olhar os meninhos-malabaristas no sinal, não ter coração.

O mercado demanda uma felicidade dinâmica e incessante, cada vez mais confundida com consumo, fast food da alma. A felicidade é ter bom funcionamento. Há décadas, o precursor McLuhan falou que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos. Hoje, nós é que somos extensões das coisas. Fulano é a extensão de um banco, sicrano comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liquidificador. Assim como a mulher deseja ser um objeto de consumo, como um avião, uma máquina peituda e bunduda, o homem também quer ser uma metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente – e, mais que tudo, um grande pênis voador.

A ideia de felicidade é ser desejado. Felicidade é ser consumido.

Dirão vocês: “Bem, resta-nos o amor...”. Mas, aonde anda, hoje em dia, esta pulsão chamada “amor”?

O amor não tem mais porto, não tem local para ancorar, não tem mais a família nuclear para se abrigar. O amor ficou pelas ruas, em busca de objeto, esfarrapado, sem rumo. Não temos mais músicas românticas, nem o lento perder-se dentro de “olhos de ressaca”, nem o formicida com guaraná. Mas, mesmo assim, continuamos ansiando por uma felicidade impalpável.

Se isso é um bem ou um mal, não sei. Mas é inevitável. Temos de parar de sofrer romanticamente porque definhou o antigo amor.... No entanto, continuamos – amantes ou filósofos – a sonhar como uma volta ao passado que julgávamos que seria harmônica. Temos a nostalgia lírica por alguma coisa que pode voltar atrás. Não volta. Nada volta atrás.

Sem a promessa de eternidade, tudo vira uma aventura. Em vez da felicidade, temos o gozo rápido do sexo ou o longo sofrimento gozoso do amor; só restaram as fortes emoções, a deliciosa dor, as lágrimas, motéis, perdas, retornos, desertos, luzes brilhantes ou mortiças, a chuva, o sol, o nada. O amor, hoje, é o cultivo da intensidade contra a eternidade. O amor, para ser eterno hoje em dia, paga o preço de ficar irrealizado. Aí, a dor vem como prazer, a saudade como excitação, a parte como o todo, o instante como eterno.

Há de perder esperanças antigas e talvez celebrar um sonho mais efêmero. É o fim do happy end, pois na verdade tudo acaba mal na vida. Estamos diante do fim da insuportável felicidade obrigatória. Em tudo. Não adianta lamentar a impossibilidade do amor. Cada vez mais, só o parcial nos excita. O verdadeiro amor total está ficando impossível, como as narrativas romanescas. Não se chega a lugar nenhum porque não há onde chegar. A felicidade não é sair do mundo, como privilegiados seres, como estrelas de cinema, mas é entrar em contato com a trágica substância de tudo, com o não-sentido, das galáxias até o orgasmo. Usamos uma máscara sorridente, um disfarce para nos proteger desse abismo. Mas, esse abismo é também nossa salvação. A aceitação do incompleto é um chamado à vida.

Temos de ser felizes sem esperança. E este artigo não é pessimista...

Arnaldo Jabor
Crítico, cineasta e jornalista carioca

domingo

Na conveniência as convivências...

(3 posts em 1)


A convivência com pessoas normais me faz me sentir bem.

Acredito que eu estava antes, cometendo o pecado da gula, querendo escolher, selecionar pessoas para ter ao meu redor, isso me faz hoje, parecer uma pessoa no qual eu não gosto, pessoa ambiciosa, gulosa e arrisco até em dizer invejosa, inveja de ser o que não é...

Daquelas que fica ao lado do outro para tirar algum proveito da situação.

No meu caso, eu queria sim queria provar os paladares mais apurados, as palavras mais rebuscadas, os perfumes mais cheirosos e a visão do belo e adequado nas roupas, o bom gosto nos gestos, na pele e nos cabelos, ainda que tanto relute: Como as embalagens mexem conosco, nos fascinam... Voltamos à infância, nos tornamos ingênuos e com "olhos maiores que a barriga" e quando menos esperamos, estamos ali tentando imitar essas pessoas que cobiçamos, buscando os mesmos gostos, participar do mesmo mundo, mesmo que aquele ainda não seja seu...

A velha desculpa de dizer que se deseja o melhor para si, mas na verdade, ainda que com razões louváveis, isso é muito pedante!

Lembro-me das escolhas que minha mãe fazia para si e o quanto ela repetia, ensinando-me a identificar características em relação às minhas amizades, fazer um bom garimpo pelo ter. Essas escolhas são sempre como presentes, acréscimos, como um dever de participar de algo imaginando ser o melhor para você e os seus, mas que na realidade, muitos são padrões fictícios, tal como uma novela, onde tudo é muito perfeito e belo.

Buscamos o belo, porque fica mais fácil, porque o bruto dá trabalho para lapidar, porque o bruto é nosso espelho e de nossa origem e insistimos tanto em fugir, ainda não sei a causa: ambição, inveja, fetiches ou isso disfarçado de vontade de crescer e evoluir (muito bonito isso...).

Dar um passo na grande escada de mármore, subindo alguns degraus, será com certeza um tombo, logicamente proporcional...

Olhar pessoas quando se sente acima, pode ser bom por alguns instantes, mas depois nos torna distantes e frios e quando menos esperamos, não percebemos o tão longe estamos de nossa essência, do que precisamos e do que realmente nos preenche. Ao contrário, estamos vivendo algo que não nos pertence...

Percebemos o desconforto de comer demais... Não precisamos de tanto!

O desejo de dar a última palavra, impor a opinião dos sabidos, daqueles que alcançaram de alguma forma mais e deixar bem claro que somos acima da "carne seca", sempre nos faz sentirmos superiores, além dos demais e além disso, muito soberbos... O prazer de olhar os outros com a indiferença nos olhos e nos sentimentos, disfarçando que a capacidade intelectual nos torna pessoas "seletivas".

Pobres ervilhas selecionadas...

Ainda que demore, um dia percebemos que o sabor se dá na mistura dos sabores, a consangüinidade só nos traz defeitos físicos e problemas psico-social, neural, orgulhal, mediocral e idiotal!

Manias e conceitos tão unanimes que não tem cor.

Ainda que algumas atitudes de falta de polimento me incomodem, a satisfação de ouvir pessoas que vivem n o r m a l m e n t e com que conquistaram e possuem, superando as dificuldades, é gratificante demais para tornar o ouvir, mais interessante do que o olhar. O olho ainda vê as formas do comer, vê os exageros nos adornos, vê os gestos pesados de quem sempre carregou pedras, mas consegue ouvir mais e sentir no coração, a alma de grandes gestos, do desejar verdadeiro, do tocar sincero e isso tem feito meus olhos enxergar muito além das cascas...

Precisamos nos dar a oportunidade de participarmos de outros mundos, ao menos colocar uma pequena dose em nossa vida para que possamos entender nossa essência, para que possamos compartilhar, mesmo que ouvindo, de experiências de vidas de outros para que possamos nos melhorar.

Estou me sentindo uma pessoa melhor por ouvir estas histórias...



"Um dia, uma mulher (uma colega de trabalho), contou-me o porquê está trabalhando lá:

Disse-me que o esposo na época estava na África a trabalho, que eles têm três filhos, sendo o menor com cerca de dois anos... Ela também tinha, como ele, um bom emprego, bem remunerado e que ela gostava muito.

Os filhos conviviam com as delicias que os salários de ambos compravam.

Um dia o menor parou de comer, não aceitava nenhum sabor, nenhuma cor, nada colocava mais em sua boca... Todos se desesperavam, ninguém encontrava a razão e como por nascer prematuro e seu desenvolvimento tornou-se mais lento que os demais, ele ainda não falava, então não soube dizer à mãe porque temia a comida em sua boca...

A mãe levou-o a muitos médicos, muitos e muitos, muitos exames, muito sofrimento e nada do menino comer... Quando via o prato de comida gritava, chorava e não aceitava nada! A pediatra, impotente diante dos fatos não científicos, aconselhou-a a largar do emprego, para que pudesse ficar com ele, pois ele emagrecia dia a dia...

Talvez fosse a falta da convivência com a mãe, tentou a médica.

A mãe ainda não convencida, saia no meio do expediente e tentava conciliar, participar mais, mas ainda não adiantava, ele não voltava a comer!

O marido de longe, vendo a imagem da criança, implora para a esposa largue tudo e fique integralmente com as crianças em casa...

Então, ela resolve largar tudo e fica com os filhos. Dispensa a babá...

Insiste, insiste, mas a comida ainda é rejeitada pelo menino e ela se pergunta: O que mais posso fazer???

Ela faz um purê de batatas bem caprichado, conhece o gosto do filho, o filho olha, sua boca enche de água, mas chora ao ver o prato, chora e chora e ainda sim, rejeita!

A criança cada vez mais magra, porém com o desejo faz a mãe desesperar... Ela tenta, ela insiste e nada...Num momento de fúria diante do cansaço, do desconhecido, ela esfrega o purê de batatas no rosto da criança e diz:
- Comeeeeeeeeeeeeee! Come, pelo amor de Deus, comeeeeee!

A criança assusta! Mas,entre o susto e o choro, lambe e sente o sabor do purê quando a língua encosta, provando não só o gosto, mas a temperatura... Percebe que gosta e que pode comer! E finalmente após semanas come. Num ataque do experimentar, no ataque da fome contida, ele não espera pelo talher, ele enfia as mãos no prato e como uma animal, enchendo as mãozinhas de purê e levando à boca, enchendo-a de purê... Engolindo freneticamente o alimento...

Seus olhos surpresos olham a mãe aliviada, que suspira, chora e deixa que ele se lambuze...

Passado o susto, com o alívio vem a constatação: Ele deve ter queimado a língua!

Ela procura a ex babá, que confessa o acidente... Deu a papinha muito quente e queimou a língua do bebê e com o medo de perder o emprego, calou-se, calou-se diante do sofrimento da mãe, calou-se diante da magreza do bebê, do desemprego e desespero, calou-se por medo, calou-se...

“Ambas precisavam trabalhar...”
...


Fábula da convivência

Há milhões de anos, durante uma era glacial, quando parte de nosso planeta esteve coberto por grandes camadas de gelo, muitos animais, não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições.

Foi, então, que uma grande quantidade de porcos-espinho, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começaram a se unir, juntar-se mais e mais.

Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam uns aos outros, aqueciam-se mutuamente, enfrentando por mais tempo aquele frio rigoroso.

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito...

Mas essa não foi a melhor solução! Afastados, separados, logo começaram a morrer de frio, congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com jeito, com cuidado, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem magoar, sem causar danos e dores uns nos outros.

Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.

É fácil trocar palavras, difícil é interpretar o silêncio!

É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar!

É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração!

É fácil apertar as mãos, difícil é reter o calor!

É fácil conviver com pessoas, difícil é formar uma equipe!
(Autor desconhecido)
...

Para sermos uma equipe, "precisamos descobrir a alegria de conviver"
(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira

Novas experiências...



Somos o que vivemos, mas também, pensamos como estamos vivendo...


A cada comentário que recebo x o que escrevo x o que leio, percebo que a situação existe ou é percebida, caso haja alguma experiência pessoal ou próxima dos fatos.

A identificação vem sim, através do que passamos ou quando estamos muito próximos da situação ou sujeito, se não, não há química. Seria muito difícil esperar de cada indivíduo que compartilhe da mesma sede, quando há uma bica em seu quintal... Falar que entende, compreende e que sabe exatamente como é, somente são frases que formulamos ou repetimos, quando não temos o que dizer, como consolo ou até mesmo compaixão, porém sentir o que o outro sente ou passa, realmente é coisa para Jesus Cristo, não para nós...

Acredito até, que em muitas vezes nem é proposital ou é a indiferença à situação alheia, pois na maioria passam quase que despercebidas em nossa rotina fatídica, misturada aos prazeres do consumo, que quando olhamos e não vemos, ou vemos mas não focamos e simplesmente continuamos, seguimos, alheios ao que tange a vida do outro...

Aí, quando naquelas voltas enormes que nosso mundo faz, onde nem sempre o que está em cima, fica exatamente em cima e as posições se invertem, típicos da natureza, justa em que cada dia é um dia, para cada ser, experimentar, vez ou outra, o gosto da cereja do vizinho ou a falta do gosto de quem nunca a conheceu.

Com a ajuda química, mas quase imperceptível no meu corpo (pasmem, porque pasmei eu, com a mágica da coisa) do meu moderno anti-tristeza, senti várias vontades adormecidas: vontade de não comer por tédio, vontade de andar, vontade de dar e receber carinho, ver pessoas, sair mais de casa por gosto e não necessidade materna e sim finalmente trabalhar!



Ahhhh... Eu sempre amei trabalhar... Uma das coisas que mais me fazia falta era trabalhar  fora de casa... O processar das idéias, o relacionamento ora conflitante, ora prazeroso, o experimentar de cada roupa, apressada, o batom, o brinco, o perfume, as fofocas e os segredos, os olhares, a adrenalina dos prazos curtos, a impaciência pelo salário, as críticas e elogios, o mau e o bom humor, o cansaço e os cafés...

A arte de entender o outro, se colocar no lugar do outro, ajudar e ainda não criticar... Coisa para se não Jesus e artistas tarimbados...

No último dia 02, vi um anuncio: "Representante de Atendimento" - período de trabalho: Das 20h as 02H20, não precisa de experiência e o fretado me traria em casa por volta das 3h. O salário, bem, realmente é muito baixo, visto que não ganho salário mínimo há mais de 20 anos, mas para quem pretende ficar com as filhas durante o dia, sobra poucas opções de trabalho para quem tem formação ou experiência, restando apenas subempregos ou trabalhos que quase ninguém com algum embrulho e talvez conteúdo quer...

Está sendo uma grande experiência... Além do trabalho em si, totalmente novo, a convivência com pessoas não aceitas pelo mercado de trabalho. Pessoas que não se encaixam no perfil de beleza, opção sexual, formação e experiência e que ocupam, como eu hoje, a vaga em um "Call Center".

Hoje é meu último dia de treinamento, já fiz as quatro provas aplicadas, minhas metas são rigorosas, serei monitorizada nas 6h20 de trabalho, durante os seis dias da semana que estarei atendendo em torno de 120, 150 pessoas por noite/madrugada. A média/meta de atendimento é de no máximo 3 minutos e 38 segundos e a quantidade de informação que tive que estudar nestes últimos 15 dias, sobre aparelhos celular, planos, recargas, freqüência, bônus, rooming, etc. etc. etc., é extenso e difícil de imaginar que alguém que vai ganhar um salário base de 510,00, carece de tanto conhecimento, tanta informação, tanto preparo, tanta avaliação, como estou aprendendo com esses profissionais....


Só experimentando mesmo para crer!

A convivência com as pessoas está sendo um deleite, estou tendo a oportunidade de sair do meu quadrado, do meu aquário e misturar-me às pessoas comuns, normais, a grande massa sofrida e espremida com a pouca mistura, com as cantigas do boi boi boi, boi da cara preta... Com a falta de estímulo e de vontade de querer mais e melhor... Pessoas que se contentam com o mínimo que o mínimo proporciona, com o dividir constante, coisa que gente de classe média conhece e se recusa a fazer e coisa que rico nem sabe o que é.

Quem tem olho na terra de cego é "Rei", é o ditado mais apropriado à situação... Estou gostando da oportunidade de estar perto, de participar e saber que é opcional, pois para quase que a totalidade, é necessidade mesmo!

Gosto de ouvir os diálogos... De ter metas, de ter algo a alcançar, mesmo que seja a lingüiça de chouriço, pendurada na frente da manada, mas, fazer parte da corrida, mesmo que eu fosse totalmente vegetariana, vale pelo todo, pela competição, pela oportunidade, pelo movimentar de cada dia, por sentir que se está vivo e em conjunto, em algum grupo, mesmo que não seja o seu preferido ou de costume...

Não que estamos bem de grana não, mas Graças a Deus, não estou precisando colocar esses "dinheiros" (como diz minha amiga Balzaquiana) em casa... O trabalho está sendo benéfico para minha cabeça e minha alma, mesmo que o bolso ainda não sorria no dia pagamento.

Estou fazendo umas pesquisas, sobre o prazer e o sofrimento no trabalho, o stress no "Call Center" (esse mundo tão novo e cheio de particularidades) e por estes dias, agora passado as avaliações, terei mais tempo para voltar a escrever e ler com maior freqüência, visto que já faz mais de dez dias que não publico e nem comento nada!

Meu sono é enorme pela manhã, pois chego às 3h da matina. Ainda tenho minha rotina de casa e principalmente com as meninas, compromissos com médicos, ortodontista, fono, esporte...enfim, tenho que continuar ligada...

Sinto falta de ler os textos dos blogs nos quais admiro e sinto grande prazer em comentar, mas acredito que dentro de um mês, meu corpo acostuma e estarei mais organizada com o sono x trabalho x casa x filhas x marido x as coisas que gosto de fazer...

"Não sois máquina. Homens é que sois."
Charles Chaplin

Amigos blogueiros de casa e novos que aqui passaram neste último post, vou na próxima folga, entrar nos blogs antigos, conhecer os novos, comentar, enfim fazer tudo o que o tempo me permitir...

"Vamos nos permitir...Que não tempo que volte amor... (Lulu)"

Saudades de todos: Sal, Fer, Déia, Mi Satake, Vaneza, Dama, Jou, Lua, Luneta, Gilmar, Franck, Rafa, Marcos, Érico, Marli, Vanessa, Dom Martins, Isa, Esther, Amanda, She, Elaine, Alexandre, Luis Fabiano, Fabiane, Marcia Albuq, Marga Ledora, Pimentinha, Tatiana, Sonia Pimentinha, Sandra,
Erica, Letícia, Sãozita, Jonnhys, Tati, Flávia, Fernando, etc..etc..

Espero sinceramente, que estejam todos bem de sáude e de cabeça!

Obs. Peço desculpas aos meus queridos Déia, Esther e Gilmar pelos selos oferecidos e aceitos com prazer, no qual ainda não tinha tido a oportunidade de agradecer pelo carinho e lembrança... Muito obrigada!

País de elite.



Vivemos em um país subdesenvolvido, pobre, analfabeto e elitista!

Estranho, porque temos fama de um país acolhedor, porém acolhedor é o seu dinheiro e o que ele compra, o resto são folclores como muitos daqui...

As pessoas fingem que isto não existe, para que possam ser politicamente corretas ou dizerem que isso não importa, falar que o que vale é o sentimento, a amizade, a solidadariedade e o respeito...

Blá,blá,blá... Balela, mentira, histórias da Carochinha... Desculpem-me, mas isso é hipócrita demais.

Vale o que você tem e não o que você é. Isso é um fato! Se você não tem dinheiro, emprego, diplomas, roupas, carro confortável, não sabe falar, não tem gosto apurado e não usa um bom perfume,... Desculpe, mas você será excluído de tudo e de todos, porque as pessoas não vão ser acolhedoras como alguém que nada lhes acrescentam, financeiramente ou intelectualmente.

O que fazemos com essas pessoas?

Deixamos que, juntem-se e formem "Tchans", "Reboleitions", quadrados, quebra-isso, quebra-aquilo, tiririquem-se, para que olhemos somente para seu quadril, porque o quadril não precisa falar, precisa só rebolar e divertir a roda dos whiskys e dos prós seco!



Você diverte, mas não é divertido, você é uma pessoa, mas jamais será tratado como gente, você tem cérebro, mas não sabe pensar, você não opina, você não escolhe, você recebe a sobra e precisa sorrir, porque a roda precisa de seu sorriso, para bater a meta, a meta dos solidários à própria consciência...

Migalhas dormidas do seu pão, já dizia Cazuza...

Escrevo aqui isso, porque já permeei em muitos meios e uma coisa é o sorriso, a outra é a convivência. Cumprimentar uma pessoa, não significa que você está aceitando a mesma, apenas está livrando a sua consciência que já cumpriu seu papel.

Fiz minha caridade de hoje, cumprimentei o pobre numero duzentos de hoje, acho que já cumpri meu dever cristão e de cidadão!

Nossa, sou um exemplo de ser humano, sou humano então! Aplausos para o espiritualizado consciente social. Ele vai dormir melhor hoje, hoje talvez ele não precise de tanta droga para descansar...

Porque pessoas mal vestidas, que andam com carros velhos ou que não tem dinheiro, na verdade não tem direito a nada, não digo nada material, nada de nada mesmo. Nada de palavras, nada de amizades, nada de afeto, nada de respeito, nada de amor, NADA!

Se você não tem nada, isso quer dizer que você é nada. E quem nada, também bóia...

Porque informação para quem não tem dinheiro, para quê? Para nada vai servir, porque nada a trocar, nem mesmo a informação. Pessoas assim não fazem nada com muita informação.

As pessoas são tão hipócritas que acham que, sabe mais quem tem mais dinheiro ou que entende mais de finanças ou letras, ou que está com a melhor roupa. Inteligente é o senhor ou a senhora que carrega 500 aparelhos em torno de si, porque gente inteligente tem que carregar o mundo em torno dele, da cintura, da orelha, das mãos, dos olhos, na direção, precisa estar tudo nas mãos para que possa ouvir e ser ouvido. Gente importante tem que ser ouvida e aplaudida de todas as formas possíveis.

Gente pensante precisa ter os controles remotos nas mãos para sempre jogar...

Eles precisam dos sorrisos e dos aplausos... As pessoas são gulosas... Muito gulosas, mas, gente "chique" não deveria comer pouquinho? Comer devagar? Limpar os cantos da boca com o guardanapo e colocá-lo com delicadeza em cima das coxas das pernas... Falar baixo... Fazer movimentos leves, calmos, sincronizados, não abrir muito a boca para rir... Não colocar os cotovelos na mesa... Pequenos goles, para ser educado...

Não podem querer muito! Encher muito é feio, precisa colocar menos dinheiro no bolso, é feio falar com os bolsos cheios... É feio cuspir dinheiro quando está falando, é feio ser guloso... Goles menores, menos... Bem menos, não enche tanto o bolso!

Mal educados, esses seres pensantes!


O mundo entra em colapso diariamente por conta de tanta cobiça e poder, o dinheiro impera, tal como a vaidade.

Pisamos nas pessoas que é a grande massa, porque eles não conseguem cheirar bem, porque se vestem mal e porque falam errado... Pisamos porque eles estão à margem de um sistema que foca apenas o dinheiro, não se importando com a educação. Pisamos sorrindo, sendo gentil, porque somos seres que ainda com os guardanapos nas coxas, temos pés pesados, porque somos muito, muito gulosos...

Como podemos esperar educação de quem tem fome ou quem ganha somente para comer arroz e feijão. O que esperar do seu gosto musical ou do seu apreço por poesias e música, se seu filho clama por um copo de leite? Será que algum dia vai ter discernimento para entender o grito de desespero da opressão, em uma nona sintonia de Beethoven? Ou de um político mentiroso que oferece os portões dourados e pontudos dos buracos mais profundos...

Os brilhos seduzem todos os olhos, mesmo àqueles sempre fechados, que nada veêm ou pouco enxergam...

Exceções não são regras, exceções não movimentam o mercado, não somam estatísticas, não controlam a renda per capita, exceções são exceções...

Tal como a flor, delicada  no meio do cimento, em uma grande metrópole... Quebra, rompe, colore, e emociona...Mas, também morre! Sufocada pelo concreto...



A gente não quer só pasto e água...

quinta-feira

A Cura

  

Tenho assistido e gostado muito da minissérie: "A Cura" que vai ao ar (infelizmente) somente às terças-feiras, por volta das 23 h. na Globo.


Como são capítulos semanais, ficamos contando os dias para chegar a próxima terça e assistirmos um pequeno capítulo, desta história de mistérios e suspense. Quem nunca assistiu independente de crença ou religião, vai gostar, pelas histórias instigantes (duas correndo paralelamente em duas épocas), elenco de peso e produção, que dispensa comentários...

Além de todos os pontos bem brasileiros, diferentes dos enlatados americanos tão distantes de nossa realidade e cultura. (Desculpe-me os que gostam, mas àqueles seriados americanos são tão artificiais e frios, quanto os americanos...)

Apesar de eu particularmente, gostar de todas as minisséries da Globo, esta me chamou à atenção pelo tema:  A CURA, o salvar, o resgate...

As maneiras mais adversas de se tentar intervir na doença e na morte. Como se pudéssemos mudar o curso, a trajetória dos males... Essa busca humana incessante, pelo sobrenatural (que muitas vezes é pura encenação ou até mesmo delírios), mas, o mover das pessoas, que procuram esses curandeiros, místicos, videntes e paranormais para curar sua dor.

O que levam às pessoas a passarem por tudo que elas acreditam e vivem, para buscar qualquer solução para suas dores e perdas?

Acredito que ainda é o amor...



Ainda que saibamos que coisas assim não são possíveis, acredito que o interesse que há por de trás do tema é a vontade absurda que todo ser humano tem de intervir nos acontecimentos e mudar, transformar a espaço, o tempo e os acontecimentos.

É a busca constante da cura para que possamos manter àqueles que amamos próximos, como se pudéssemos mudar o curso da vida ou as escolhas Divinas.

Não critico pessoas que recorrem a tudo, porque felizmente nunca tive alguém muito próximo que estava entre a vida e a morte que quisesse verdadeiramente, ou que não aceitasse o fato, de estar partindo... Porém, se penso em minhas filhas, meu esposo, fico pensando até onde eu, em meu desespero iria, para que pudesse salva-los e mante-los ao meu lado, para que possa amar e recebendo seu amor... Para que não me deixassem, como se isso fosse possível... Mas, em momentos de desespero fico pensando até onde iríamos por eles.

Alguns até podem não estar confiando nos caminhos determinados por Deus, ou até não crêem Nele, porém eu penso que há por trás, a falta, mesmo nestes momentos de tanta dor, do equilíbrio para decidirmos o certo do errado, o charlatão do honesto, o bem do mal, do lícito e do criminoso, os limites que nossa mente e nossa crença nos dão diariamente para que possamos conduzir nossas vidas...

Sou uma que creio em Deus e o aceito, como condutor de minha vida e sei que tudo que nela acontece, tem um propósito e um caminho no qual Ele determinou e determina a cada dia, porém sei que como homens, somos muito falhos, portanto penso eu, que para nossos filhos e pelo amor, esquecemos a tudo e a todos e vamos atrás de tudo que se é possível para não perde-los.

Isso nem é consciente, é desespero, dor e emoção!

É daí que também entendo o tão grande foi à ação de Deus, dando-nos seu filho, para que morresse por nós, de maneira tão dolorosa...

Nem consigo imaginar o tamanho e o quanto de amor nisto há, pois fico pensando nos meus... Realmente eu não faria o mesmo!



Precisamos mesmo de doses e doses de amor para que possamos compreender a vida e a morte, mesmo que ainda não possuimos entendimento para tanto, mas para amar, precisamos apenas desejar amar e amar e amar, sempre, nos momentos de felicidade e de dor...

Somente o amor pode nos curar!

"O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar." (Charles Chaplin)
Dedico este post aos familiares e amigos do blogueiro HOD, (O olhar de Carpe Diem para o Século XXI) - (entrevista dele no Espaço Aberto) que ontem,  seguiu para o encontro com Deus...

Espero sinceramente que Ele, possa estabelecer a cura nos corações dos seus e trazer paz e as boas lembranças que o amor do Hod fez ao longo de sua vida.

quarta-feira

O perfeccionismo

Texto Liane Alves
Publicado na Revista "Vida Simples"
Agosto de 2010

E a grama do vizinho...


A mania do perfeccionismo pode atravancar sua vida. Preste atenção e você verá que boa parte de seus sonhos só existe para satisfazer um modelo idealizado inatingível. Tirar do caminho essa casca de banana a tempo é nossa única saída

Todo publicitário sabe disso: somos basicamente movidos pela inveja. O desejo que dispara nossa vontade de consumir é o de querer ter o que outro tem, seja o carro do ano, a barriga tanquinho ou a família alegre que almoça ao redor de uma macarronada fumegante. Ora, ninguém vai invejar algo fácil de obter – porque, se é fácil, presume-se que todo mundo já tenha. Então, oferece-se o que é mais difícil de conseguir: o mais perfeito, o mais feliz, o mais bonito, amoroso, elegante ou sensual, enfim, o “mais mais” de qualquer coisa que possamos invejar. É assim que somos presos pelo anzol: não compramos apenas um produto, mas todo um modelo de beleza, status e perfeição que vem associado a ele. “Para nos aproximarmos do que é oferecido pela mídia, iremos comprar tudo ou fazer de tudo que nos dê a impressão de sermos tão perfeitos quanto o que vemos numa televisão ou numa revista. Sem parar para pensar no que estamos realmente fazendo conosco”, diz Regina Favre, psicoterapeuta, pesquisadora dos processos cognitivos e alguém muito atento ao sistema opressivo que traz dezenas de clientes ao seu consultório.

Nesse sentido, somos todos perfeccionistas, inclusive eu e você, que tateamos por uma vida mais simples e natural mas que ainda vivemos sob a influência da publicidade, da mídia e de muitos dos padrões vigentes. Como todo mundo, podemos estar ralando para cumprir modelos impostos sem perceber. E ralando muito, posto que a perfeição é mercadoria escassa nesse mundo naturalmente imperfeito. Além disso, ninguém vai nos contar que realizar o sonho de manter todas as áreas da vida sob controle é impossível, apesar de todo o esforço. Um corpo certinho não vai garantir relacionamentos plenos e amorosos, um emprego ideal ou a casa na praia não são sinônimos automáticos de felicidade. Este é o mecanismo perverso dessa história: a perfeição, mesmo quando é atingida, só nos chega aos pedaços.

Arapuca esperta

Esse desejo subliminar de perfeição alimenta toda a estrutura econômica e social da nossa cultura. Mais e melhor é o grande produto oferecido por um sistema que ao mesmo tempo que nos apavora com o medo de envelhecer, de sofrer, de ficar feio, ultrapassado ou gordo nos propõe soluções instantâneas para resolver esses “problemas”.

“É uma configuração de terror e alívio. Somos estimulados, por exemplo, a ter pavor da celulite, do olho caído, do músculo flácido, enfim, de tudo que indique a passagem do tempo, mas ao mesmo tempo nos são oferecidas academias de musculação, cremes maravilhosos, plásticas”, diz Regina Favre. “Hoje, as academias estão abertas até as 4 da manhã para que as pessoas possam frequentá-las. É uma luta desesperada para manter a forma de acordo com um determinado padrão. Procuramos por um corpo idealizado, perfeito, não um corpo sentido, vivido”, diz ela. Podemos estar nele e nem sequer percebê-lo, como se ele fosse apenas uma roupa bonita que se veste para, basicamente, mostrar para os outros.

Dentro do pacote

Segundo Regina Favre, duas doenças contemporâneas testemunham nossas reações diante desse desafio da perfeição: a síndrome do pânico e a depressão. “Se prenuncio que não vou conseguir atender ao padrão de exigências estabelecido, começo a entrar em ansiedade e, depois, em desespero, em aflição: é o pânico que chega. E se, ao contrário, dou conta do fracasso em cumprir o que é proposto idealmente pelo mercado, posso ser tomado pela depressão.”

E por que será que desejamos a perfeição de maneira tão obsessiva? “Há o mito construído por essa mesma estrutura mercadológica de que se não formos perfeitos, jovens e belos seremos excluídos. Portanto, temos medo da exclusão, da obsolescência. É esse o fantasma que nos ameaça: sermos jogados fora do mercado, seja profissional, seja sexual ou produtivo.”

E, mesmo quando atingimos as altíssimas metas de perfeição que estabelecemos para nós, o resultado pode não ser aquele que esperamos. “Atendi um jovem executivo, ótimo profissional, com competência em várias áreas, financeiramente realizado que, casado com uma mulher tão bonita quanto ele, não conseguia ter relações sexuais com ela. Exatamente porque no amor vinha embutido o que ele mais temia na vida: a possibilidade do sofrimento, da insegurança, do fracasso e do risco”, diz Regina.

Esquecemos algo fundamental: que sofrer, arriscar-se sem garantias, sentir-se inseguro e provar sentimentos de perda ou falta fazem parte da riqueza de experiências que a vida pode nos proporcionar. “Existe toda uma cultura, e uma indústria, do antissofrimento. Há uma condenação geral dos processos naturais da existência, como o envelhecer, por exemplo. Enfim, excluem-se as possibilidades que pertencem ao viver.” Evita-se ao máximo vivenciar experiências que possam trazer o imprevisível, o inseguro ou o sofrimento – como o amor e a entrega, por falar nisso.

O resultado? Ficamos cada vez mais hesitantes em experimentar verdadeiramente o sabor da vida, com suas disparidades, imprevisibilidades, erros e acertos, bobagens assumidas e não assumidas. Ao optar pelo controle que vem atrelado ao desejo de perfeição, perdemos cada vez mais o aprendizado e o encanto dos enganos que a existência pode nos oferecer.

Mas vem aí uma boa notícia: uma vigorosa contracorrente a esse tipo de pensamento já está presente há uns 30, 40 anos na sociedade. “Ela questiona e rejeita essa configuração de estilos de vida rigidamente perfeitos. Propõe um modo de viver mais respeitoso às particularidades do indivíduo e a nossa integração com a natureza. Emergem novos tipos de valores que se distanciam do modelo da perfeição e falam de novas posturas que incorporam conceitos como o desapego e a noção de impermanência, por exemplo. A sociedade de consumo não é mais o padrão ideal.”

Há igualmente uma recusa em usar um único parâmetro de beleza ou daquilo que se convenciona chamar de sucesso ou de felicidade. Essa nova atitude começa com o respeito ao próprio corpo. “Tomar conta da configuração de si é um ato político”, afirma Regina Favre. Ser responsável pela própria saúde, pelos alimentos que consumimos, pelos ritmos internos e necessidades pessoais é uma nova posição de vida, mais consciente e individualizada, e não mais só coletiva e imposta.

Ainda bem. Não deixa de ser um grande alívio constatar que fazemos parte desse outro movimento e que há uma benvinda transição em curso.

E começa a revolução

Se há uma pessoa que sempre observou, com perfurantes críticas, o que nos é proposto pela família, cultura, sociedade e também pelo mercantilismo, esse alguém é José Ângelo Gaiarsa. Psiquiatra, trouxe questionamentos profundos, expressos em vários livros, sobre nosso modo de viver, nossas escolhas e padrões de comportamento. Conhecedor da fisiologia do corpo humano, em especial do cérebro, coloca em dúvida nossa capacidade de fazer julgamentos justos sobre os parâmetros que usamos ao avaliar a perfeição. Isto é, estalamos nosso chicotinho à toa quando decidimos que não somos perfeitos e que isso é suficiente para nos condenar à desgraça. “Estamos submersos em um mundo de palavras e conceitos que não têm valor real e que só nos trazem infelicidade”, diz o doutor Gaiarsa. Para ele, a maioria dos nossos julgamentos não resiste a um simples exame de lógica: são superficiais, enganosos e altamente falhos. Em outras palavras, nossas conclusões sobre o que é ou não é perfeito não são nada confiáveis. “Não temos condição de nos julgar, ou de nos condenar, com isenção. Tenho alergia a palavras como ideias, conceitos, julgamentos que não dizem nada e só aumentam a nossa confusão. Já o corpo não mente jamais”, diz ele, que, com 90 anos, continua com o raciocínio tão rápido quanto o de um adolescente.

Segundo Gaiarsa, a grande revolução começa ao sentirmos mais o corpo, ao termos um contato mais profundo e próximo com ele. Isso significa respirar melhor, movimentar- se mais livremente e de forma não repetitiva, experimentar toda a gama de sensações que os sentidos podem nos oferecer. O sentimento de vitalidade, autonomia, autoapreciação e bem-estar experimentado na posse do próprio corpo pode nos tornar menos vulneráveis a modelos externos e a comparações.

Com esse conhecimento, abre-se o espaço para o nascimento de uma nova consciência, mais independente e autônoma. E Gaiarsa explica como e por quê. Segundo pesquisas recentes feitas por ele, os três cérebros – reptílico, límbico e cortical – que constituem nosso sistema cerebral, e que foram se formando ao longo de nossa evolução peixe-anfíbio-mamífero, se alimentam do oxigênio de forma diferente. O cérebro reptílico, como o dos próprios répteis, consome muito pouco oxigênio; o límbico, responsável por nossas emoções, também. É o neocórtex cerebral, o mais recente em termos evolucionários e também o responsável por nossa capacidade de pensar, avaliar ou julgar, que consome mais oxigênio dos três. “Isso significa que, ao respirarmos mais profundamente, o córtex se ilumina: o raciocínio torna-se claro, as conexões cerebrais se ampliam”z, afirma. É como trazer gasolina azul para nossa capacidade de pensar. E a conclusão de Gaiarsa é espantosa. “Se respiramos mal, estamos alimentando apenas nossos cérebros mais primitivos. Ficamos reféns do medo e da agressividade, reações básicas do mecanismo de sobrevivência associadas ao cérebro reptílico, e das emoções negativas geradas no límbico, como inveja, medo, competição.” Ora, são essas as emoções que nos colocam a serviço de modelos impostos pela sociedade. É por competitividade que lutamos por um suposto território, é por inveja que consumimos. E somente a consciência, formada no neocórtex cerebral, pode nos livrar disso. “Não temos ideia de como a simples respiração pode nos ajudar a nos libertarmos dessas emoções e do domínio que elas nos impõem”, diz limpidamente o pesquisador.

Juro que nunca tinha pensado nisso. Respirar melhor traz mais clareza de raciocínio: podemos ver mais nitidamente onde estamos amarrando nosso burro. E, com isso, talvez possamos enxergar melhor os esquemas furadíssimos em que às vezes nos metemos. Só por essa descoberta, o doutor Gaiarsa já merecia um beijo.

Diagnósticos por cores

Outras áreas da medicina também estão procurando sair do mundo dos conceitos e dos modelos rígidos preestabelecidos. Na Unifesp, em São Paulo, mais precisamente no Centro de Estudos do Envelhecimento, os diagnósticos, realizados por uma equipe transdisciplinar que inclui várias especialidades, são feitos por cores. Cada profissional faz sua avaliação, de acordo com sua especialidade, e a expressa usando giz de cera colorido. Depois, os participantes trocam entre si os papéis onde usaram os tons coloridos para tentar chegar a um padrão de avaliação e a um diagnóstico comum. Os significados atribuídos às cores seguem os padrões elaborados pelo escritor alemão Goethe, no século 19, e que ainda hoje são utilizados pela medicina antroposófica, por exemplo. A ideia tanto serve para ultrapassar as discussões intermináveis, onde cada um usava a linguagem específica da sua área e que não era comum a todos, como emprega um outro hemifério cerebral, o direito, para elaborar um diagnóstico.

Isso não quer dizer que o hemisfério cerebral esquerdo, responsável por lógica, comparação e raciocínio, não seja importante e não vá ser usado em etapas posteriores. É que simplesmente não está com essa bola toda que atribuímos a ele. “É uma avaliação mais completa”, afirma o médico homeopata Fernando Bignardi, responsável por esse centro de estudos e pesquisas da Unifesp.

As avaliações do paciente também incorporam o modelo quântico trazido pelo físico indiano Amit Goswami: o protocolo terapêutico vai levar em conta o homem em sua dimensão física, metabólica, vital, mental (incluindo a parte emocional e psicológica) e supramental (espiritual). Nada de modelos unidimensionais e unirreferenciais. A meditação é fortemente incentivada entre os pacientes, justamente para que possa ser facilitada a liberação de padrões rígidos de pensamento e, com isso, de comportamento. Inclusive vários estudos foram realizados sobre esses efeitos na população mais idosa. A perfeição não é mais a única meta, mas o equilíbrio, a harmonia e o bem-estar.

Sinal de que o mundo está mudando mesmo. Até em áreas anteriormente tão resistentes a outros saberes quanto a medicina.

Quando vale a pena

Depois que limpamos bem esse terreno, já é possível ver que geralmente usamos o desejo de perfeição da forma errada, por motivos fúteis, e para atender necessidades estimuladas por uma estrutura mercadológica de consumo. Mas depois de ver tudo isso, agora sim, podemos dizer que esse desejo também tem a sua utilidade. Os grandes gênios da humanidade se alimentaram dele: Michelangelo, Da Vinci, Einstein. Mas essa dedicação completa à perfeição estava a serviço da arte, da ciência e, para resumir a história, da humanidade. Eles podem ter estropiado sua vida pessoal por isso, inclusive. Também nada garante que fossem mais felizes ou realizados atendendo a esse chamado. Mas a verdade é que, em vez de procurarem unicamente sua felicidade individual, colocaram suas aptidões e talentos a serviço de algo maior, às vezes em detrimento de sua saúde, sanidade ou realização afetiva. Almejar a perfeição, portanto, pode nos levar a grandes realizações e feitos, a um aperfeiçoamento constante, até a obtenção de uma qualidade exemplar. Mas por vezes o preço é alto.

“Sede perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito”, nos diz o evangelho. E onde o Criador seria perfeito? “Na generosidade”, continua o evangelista Mateus. Para mim é uma grande supresa essa segunda colocação: quase nunca ninguém lembra que tipo de perfeição nos é pedida. É um simpático motorista de táxi que me faz recordar isso quando digo a ele que estou escrevendo uma matéria sobre o tema.

Em vez de apresentar um modelo rígido e acabado de perfeição, sucesso e beleza, as palavras de Cristo propõem, ao contrário, um exercício de humanidade, naquilo que o ser humano tem de melhor: sua capacidade de amar, perdoar, ter compaixão e praticar a generosidade – inclusive consigo mesmo, no caso de erro e falta. Por isso, o desejo de perfeição não é, por si só, ruim. Não se encarado dessa maneira generosa. Nossa grande questão é, e sempre vai ser, onde vamos colocar esse desejo.

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Por que somos seres tão insatisfeitos, ou por que nunca sabemos o que nos basta realmente?

É o casamento, a liberdade, a casa, o emprego, o diploma, o pós doc, a viagem, o carro, o perfume, o homem, a deusa, a aventura, o restaurante, a grife, a bolsa, a plástica, a separação, a festa, a ousadia, o que mais precisamos para dizer basta!? Tá bom assim! Então ai sim, vamos ser seres mais de ser, do que seres de ter. Gostaria de ser, simplesmente um ser. Sem ficar preocupada com o ter, com tantos  entornos e adornos... Quem dera que os barulhos do consumos e do ter, passassem longe de minha porta e somente entrassem os ser, porque ao longo dos anos, vamos caminhando e tendo e somente tendo e nada tendo e sendo a oferecer, porque os paupáveis são na verdade plásticos e inertes e o abstrato ainda que não visto, ou tocado é sentido. E eu sinto muita  falta dos abstratos pelas ruas, no olhar das pessoas, nos laços e nos toques...Ah sim, os toques... Temos muitos toques hoje em dia, toques das ladys e das não ladys, mas o que eles tocam afinal? Os toques não tocam nada! Porque tá tudo muito oco, tá tão vazio que além da sonorização artificial, ouvimos ecos, ecos e ecos.... (também ecos da ecologia que fica somente na logia) Ecos dos vazios dos transeuntes de gravata e tambm os sem camisa... Muitos ecos... Precisamos pendurar mesmo muito barulhos... Porque o monte de barulhos preenchem todo esse marasmo de gente, que não sabe produzir som de nada que é humano e do seu ser. Porque quando alguem emite um pequeno ruido, um som, uma pequena particula de algo que esta sentindo é porque não está bem e precisa de ajuda, precisa ficar feliz e feliz e feliz, dim, plac, bum, oioio, muitos sons para sorrir e ficar assim embriagado com essas cores e sons artificiais... Eles piscam no pulso, no pescoço, na cabeça, nos pés, nas unhas, muitas cores, muito brilho, muito perfume, muito som, glaumour, poder, sofisticação e out, vc está arrasando! E assim caminhos no ter e no ter... Ah humanidade... Seres robotizados, elitizados e perfeitos com toda esta purpurina!

Joga mais brilho, porque o brilho esconde o oco, o vazio, joga o perfume que tira o cheiro, joga a marca, não precisamos ver o conteúdo, joga o liso, porque o crespo não interessa, joga cor, porque quem gosta de cinza é gente deprimida, joga confete na bunda da passista, joga a porpurina na cara do palhaço, joga porque tá tudo vazio...Precisamos encher, esse monte de linguiças! (Andrea Pagano)

Intervenção

Quando eu tinha o canal A&E na minha rede de canais disponíveis, um dos programas que eu mais gostava de assistir era o Intervention.

É um programa que mostra casos de pessoas que estão viciadas em alguma (s) droga(s), bebida(s), etc. ou que tem comportamentos (obsessivos compulsivos, transtornos), no qual, lhe tragam crises pessoais e isso lhe distancia dos seus amigos e entes queridos. No programa, primeiro, relatam e mostram como a pessoa vive, com a participação da mesma (acho que falam para a pessoa que é um documentário) e assim ela vai tendo sua rotina, consumindo o que costuma consumir e na mesma freqüência... Tendo suas crises, pré e pós, isso tudo na frente das câmeras, situações de comportamento em geral frente à vida e às pessoas, tudo filmado e narrado... 

O desfecho sempre é uma grande surpresa, visto que não depende da intervenção em si, e sim da pessoa aceitar a doença e querer se tratar. Há sempre um interventor, que supostamente é o narrador e no final promove uma reunião, convidando além do protagonista, seus familiares e amigos queridos (geralmente pessoas que mais convive) e nesta reunião, cada qual traz um relato, do que cada um sente por esta pessoa, o que ela significa em suas vidas, etc. Narrando, como antes tínham uma relação afetuosa, o seu passado e hoje como se sentem em relação ao seu declínio, por conta do que está usando ou fazendo. É uma parte bem comovente e também um desabafo, pois neste momento, essas pessoas dizem que aquele dia, será o último de convivência (por orientação do programa), caso a pessoa não aceite o tratamento proposto (geralmente é uma clínica distante de casa). Diz que vai abandoná-lo de uma vez... Enfim, é uma forma de mostrar o quanto a pessoa é importante e que precisa salvar-se de alguma forma, e aí é com ela...

Às vezes, o "sujeito intervindo" aceita o tratamento e no final do programa temos uma boa notícia, que faz "x" tempos que não está mais fazendo aquilo , ou não, às vezes infelizmente a pessoa depois de pouquíssimo tentar, larga a clínica e volta a usar drogas ou continuar tendo os tocs, as paranóias e se nega a se ajudar, voltando a ficar do mesmo jeito que no começo do programa, largada, na rua, ou em abrigos...

Eu gosto deste programa, por alguns motivos, um é que eu acredito que devemos ter esperança de cura, em relação a qualquer tipo de enfermidade e acho que muitas vezes, famílias ficam desesperadas e não sabem mais o que fazer, são casos muito difíceis, mas tão comuns hoje em dia. Acredito que a abordagem do programa auxilia na identificação do problema, que hoje, aqui no Brasil, sem dúvida é de saúde pública, e não problemas de ordem criminal ou ilícita, e que, infelizmente há em cada família, pelo menos um caso de alguém que passa ou passou por isso...

Outra coisa que eu gosto, que não só via neste programa mais em outros: Eu sempre gostei de entender a mente humana, principalmente pessoas perdidas e desequilibradas. Sempre gostei de ler e assistir sobre pessoas que passam por transtornos ou que necessitam, de burlar sua mente com algo artificial, (drogas sintéticas ou não, bebidas e afins) para poder seguir sua vida e como isso tudo é de fato para si e para os que o rodeiam... 

Acredito que a mente humana é algo tão poderoso, tanto para o bem quanto para o mal, que ler ou assistir programas, filmes ou documentários sobre estas artimanhas e situações onde ela é moldada, alterada ou transformada pelo próprio homem, no mínimo me intriga. Essa necessidade absurdamente forte de fugir de sí mesmo, me deixa com vontade de aproximar, ver, sentir e tentar entender...



Também leio sempre sobre pessoas com traços psicopatas, porque sempre tenho a curiosidade de entender o que levou aquela pessoa a chegar àquele ponto, o que faz um ser humano fazer coisas tão absurdas e atrozes e na sua mente, entender que aquilo é um ato normal, de salvação ou de amor. Como vivia, qual era o cenário, as pessoas como intervieram em sua vida de forma a criar ou não o mostro que ali se mostra. Como alguém absolutamente normal, vivendo entre nós, como se nada estivesse acontecendo ou prestes a acontecer...

São os mistérios de nossa mente e de fato, como sentimos. Os poetas que me desculpem, mas os sentimentos estão na mente e não no coração. A mente nos produz sentimentos e nos orienta para tudo, ela entrelaça presente e futuro, aromas a pessoas, musicas a momentos e épocas vividas e nada isso tem haver com o coração, mas com a mente e seu emaranhado de neurônios e informações. Se a mente não vai bem, nenhum órgão por menos romântico que isso possa parecer, vai funcionar adequadamente. Como é possível  amar  e ser amado com a mente insana ou dependendo quimicamente de algo para acordar ou repousar...

Voltando a intervenção, eu não participei do programa, mas resolvi que eu precisava de uma intervenção. Ao contrário do que eu queria, pois sempre gostei de sentir as coisas como elas são, até mesmo para contar depois cada dor e cada delícia de cada momento, sem nenhuma química interferindo nas minhas vivências ou ponto de vista. Apenas, queria a normalidade dos fatos, sem intervenções de nada químico ou irreal. Acredito que a pior lembrança é de alguém que bebeu demais, é tenta recordar os diálogos, os cheiros, os gostos e as sensações que o corpo teve e simplesmente nada, não consegue... Há somente um grande apagão entre o antes e o agora, o caminho percorrido se foi no meio do gelo e do som... A memória agora pesa e dói, e a cabeça lateja e lateja como um eco de uma caixa vazia e perdida...

Ouvi algumas pessoas queridas e que realmente queriam me ajudar, intervir de alguma forma com suas histórias e experiências, um pouco de cada, assim como disse a Pietra esses dias para mim..."Mãe cada um tem que dar um pouquinho e a gente depois tem um montão!" E como o tempo corria e ele nos passa a perna, procurei uma médica, uma psiquiatra.

Claro, foi muito duro para eu aceitar isso! Não por preconceito de aceitar que estava precisando de ajuda, isso está bem claro para mim, mas por conta da intervenção química, que ainda que benéfica, me traz ainda muitas ressalvas em relação ao seu uso e o que isso faz na minha mente e conseqüentemente em minha vida. Seria eu agora um ser transgênico? Alterando quimicamente os meus pensamentos e ações... Meus sentimentos são verdadeiros ou é um estado que o remédio faz a minha mente pensar que está sentindo e ai sente mesmo...

Não há dúvida o quanto inteligente são essas drogas modernas... E esse sempre foi o meu grande pavor. O pavor da intervenção no DNA, nos neurônios entrelaçados em nossas memórias, sentimentos, nossas convicções, crenças, ressalvas e loucuras.... 




 Mas fui. Aceitei, porque o processo natural não estava sendo normal há muito tempo. E como escrevi há pouco, o tempo nos faz tomar decisões mesmo que contrárias do que o tempo todo acreditou antes ter. E sempre o tempo vem com essa brincadeira de esfregar na cara, atitudes nas quais outrora você repugnava, criticava, batia no peito e dizia: Eu não!!!!! E agora enfiam literalmente goela abaixo suas convicções, porque percebe que o tempo mais uma vez bate à sua porta e diz: Amiga?? Até quando???

Esse tempo é dor e é cura, é sábio e cruel, necessário para os que têm pressa, odiado para os que não têm.

Outra coisa que os remédios me causam é a desconfiança, é o assédio constante dos seus fabricantes aos profissionais de saúde (ainda estudantes) e suas pesquisas estatísticas quantitativas e não qualitativas. Somos meros números naqueles informes publicitários, belíssimos das indústrias farmacêuticas, somos parte da faixa etária, de uma cor que salta aos olhos nos folders envernizados, nas mãos de um propagandista belo e engomado (as embalagens sempre contam muito). O médico, rendido pelas migalhas dos planos de saúde, tendo jornadas triplas, raramente tem tempo para ler ou estudar a metade da farmacologia bombardeada o dia todo em seu consultório e aí, você é a cor, você é a faixa, e é você é que vai testar se o remédio presta ou não. Assuntos particularmente particulares a cada indivíduo, são automaticamente substituídos pelo grupo das faixas e cores e assim vamos nós, movimentamos e rica indústria e seus "staffs" de drogas lícitas.

A médica, disse-me que vou me sentir melhor em dez, quinze dias... Que no começo vou até achar que não está fazendo efeito, mas depois vou me sentir melhor.Hoje, faz nove dias que estou tomando o remédio. A sensação de tristeza é mínima, não sinto mais àquela vontade de chorar por cada folha que cai de uma árvore, não tenho vontade de esganar a pessoa que me não para o carro para que eu passe com as minhas filhas na faixa de segurança, a vontade de comer a geladeira também diminuiu, mas a sensação que estou exatamente é de uma pessoa que vive de ressaca, mas sem a dor de cabeça, sabe como se a mente não tem cem por cento de certeza, tipo um pós anestesia, que você sabe do panorâmico, mas não se atêm aos detalhes... 

Entro no chuveiro e o banho parece ser mais gostoso, não sinto a ansiedade de sair do box... Já consigo olhar os pés e cuidar das unhas, mas sem esmaltes, cores nas unhas, nem pensar! Somente fazer o básico mesmo, eu ainda não estou me sentindo preparada para as futilidades, elas ainda me atacam tal como ofensas. O sono pela manhã ainda é pesado e as obrigações de mãe, ainda me condicionam aos horários, mesmo que o corpo ainda diga que não.

O sentimento agora de ponta é a indiferença. Eu não gosto dele, mas não posso deixar de dizer que ás vezes ele é melhor de sentir que a dor. É egoísta sim, mas para um ser que se preocupava demais com tudo e com todos, como eu, acho que está sendo um aprendizado sentir indiferença. Mas dizer que eu gosto, ahh  isso não! E espero e registro aqui, que ainda não quero este no meu hall de entrada...

A leitura também está mais demorada, preguiçosa, tal como as idéias e opiniões....Nebulosas...Hoje até me lembrei e me vi como a Rê Bordosa (quem tem minha idade vai se lembrar desta personagem do Angeli, que vivia de ressaca no meio de uma banheira... ). No lugar da banheira (que infelizmente não tenho) eu me vejo no carro, no sofá, na cama e no meio das pessoas, como se existisse algo que eu esteja emersa e alienada, indiferente a tudo e a todos...




Estava preocupada em postar e com a minha indiferença aguçada da minha mente quimicamente modificada, escrever coisas que deixassem algo anormal de eu mesma. Registro constante do mau humor e do sarcasmo, terrivel isso... Como se eu não estivesse totalmente eu e a falta do domínio natural de minha mente, meus sentimentos, fizesse algo que ferisse alguém sem eu perceber, por isso também preferi não ler e não comentar sobre o que as pessoas escreviam.

Mas hoje, felizmente senti vontade de escrever.

Assim, vou me empenhar a voltar a ler os blogs que eu gosto e que sempre admirei, comentar, enfim... Vou continuar tentando,  propondo a minha mente que pare de ficar nessa nebulosa e resolva seguir, mesmo que ainda alterada e incerta, mas vou mais uma vez intervir a fim de não continuar me afastando, me impedindo,me privando...

Sei que a sensação que sempre tive, a vibração de cada manhã e a força do acreditar profundamente nos seres, só mesmo Deus que vai restaurar em seu tempo... Coisas assim não há remédio nenhum que o homem fabrique que possa manter o espírito elevado e a esperança, sem que Deus faça sua intervenção.

Também, como não poderia deixar de registrar, a ajuda de pessoas que de certa forma intervieram, com a intenção única de me auxiliar e me apoiar: Meu companheiro Carlos que agüentou firmemente à minha prostração diária, minhas filhas maravilhosas que somente com seu sorriso me disseram muito (não é Rafa?), Dama, Isa, Déia, Ester,Vaneza, Rafa, Sãozita, Lua, Jou, minha sincera gratidão no compartilhar...

Punto e basta!


Obs.: Acabei de ver a publicação da lindas Flávia e Geórgia O que elas estão lendo... (Obrigada!)