terça-feira

Fazendo uma construtora de idéias!

O bom de ter filhos é também à possibilidade do rever... Das coisas mais simples às mais complexas, rever objetos, emoções, gostos e sensações... Os prazeres que você vai esquecendo com a rotina e com a idade...


Você se vê novamente nas mesmas situações, porém redescobre o mundo através do olhar deles... É muito interessante isso!


(Eu e a Pietra)

Lembro-me a primeira vez que levei a Pietra na praia, acho que ela tinha quase dois anos, a euforia e o medo ao mesmo tempo... Ela corria, corria muito, enlouquecida com tanta areia, a liberdade de estar com os pés descalços, sem móveis, obstáculos... Correr livremente sem se preocupar com o cair... Ao se deparar com a onda, ela chorou, mas não saia dali, perplexa com aquela imensidão de água... Eu particularmente não gosto muito de praia, mas ao menos uma vez ao ano, tenho que levá-la, para que eu possa ve-la em estado de estase...


São tantos momentos... Que ficaria por horas escrevendo...



Mas o foco neste post é o aprendizado...


O fato de estar só e querer melhorar, vi que a única possibilidade para que eu pudesse ter uma casa, um lar, independente de casada ou solteira e mesmo não gostando, entendi por volta dos 17, 18 anos que realmente eu precisava estudar!

E falo isso sem a menor sombra de dúvida. Investir em estudos ainda é o melhor caminho. E não digo somente o estudo universitário, mas cursos técnicos ou de reciclagem, de línguas, qualquer investimento que uma pessoa faça para aprender, irá colher frutos, mesmo que seja com as amizades que fizer enquanto estiver estudando!

Então desde sempre, procurei investir na educação da Pietra, procurando boas escolas, lendo livros, escolhendo programas apropriados, vídeos, DVDs, levando-a em teatros, cinemas... Enfim tudo que pudesse fazer para que ela não só pudesse desenvolver o gosto pelo aprendizado técnico, mas desenvolver o relacionamento, criando oportunidades de conhecer pessoas, famílias com educação diferentes, tribos com suas vestimentas, hábitos diferentes, tudo que engloba hoje, nesse mundo de informações e possibilidades.



Tudo isso, por que eu não tive nada disso! E acredito que o desenvolvimento intelectual e a construção de idéias só se dá, se você possibilita experimentar e ver tudo o que puder!

Acredito que o fato de não ter ou não poder financeiramente falando, não justifica você deixar que seu filho não participe daquilo que tem hoje em conhecimento, cultura e relacionamentos... Tem muitas opções gratuitas, inserindo a criança a descobrir o mundo, sob diversos olhares!


Essa semana mesmo, uma feira de livros aqui em Campinas, apesar de não ter sido "a feira", no que se refere estrutura, etc., fomos durante três dias, revezando com o Carlos, os horários para que ela pudesse participar das oficinas, fuçar na maior quantidade de livros possíveis, conversar com outras crianças e escritores, assistir aos curtas de desenho e teatro, pular na cama elástica e comer muito algodão doce!


E tudo de graça!

Ano passado, abrimos mão da compra de um carro para que ela pudesse ficar integralmente em uma boa escola particular, não só estudando, mas praticando esporte, tendo lazer apropriado, trocando, se socializando. E não me arrependo por isso, pelo contrário, mesmo hoje, por eu não estar trabalhando, ela tendo que agora freqüentar uma escola pública, leva-a em bibliotecas, oficinas de aprendizado, em museus, lugares históricos, ela faz esporte e sempre estou integrando-a de diversas formas...

Isso tudo é aprendizado!



Mas é necessário acreditar, que é por esse caminho que devemos seguir...


Em março agora ela completou seis anos e está ávida por aprender a ler e escrever... Pergunta tudo, anda na ruas tentando decifrar as placas, os rótulos, tudo e toda a informação, mesmo que venha de um folder imobiliário, ela quer saber o que é ! Fico orgulhosa com seu interesse, sua curiosidade e percebo que por mais que jamais fui uma mãe interessada que ela aprendesse a ler e escrever rápido e sim sempre incentivei o relacionamento e a troca antes de tudo, vejo que o fato de ter deixado a preguiça de lado e a levado em todos esses lugares hoje começa a dar frutos...

Hoje além de sua ótima expressão oral, ela inventa livros,  faz muitas cartinhas, cartões, desenhos com histórias, declarações de amor...

São as idéias e palavras explodindo em seus pensamentos...

Sábado ela fez esse, porque além da livre expressão, incentivamos também a sinceridade, mesmo que ela doa a quem doer... Rsrsrs







sexta-feira

Meu dia de vaca!



Compreendi nesta última quarta-feira, como é que o gado se sente quando é vacinado!


Senti mesmo, que faço parte de uma grande boiada que precisou ser imunizada. Eu como mulher que sou, senti-me como a própria "vaca", o que é fazer parte deste rebanho.

Eu como uma "vaca" bem medrosa com agulhas, prorroguei ao máximo à ida ao cocho mais próximo, porque eu odeio que me furem... Pensei: Ultimo dia eu vou! Prorrogaram... Mais dias... Prorrogam mais alguns... Ah, agora eu vou ter que ir... Coragem! Não tem mais jeito!Tem um cocho aqui bem próximo de casa, grande, bastante espaço, vaqueiros e pastores prontos para colocar ordem.

Eu já sabia de outras campanhas, que naquele cocho, como em muitos espalhados por ai que esses vaqueiros e vaqueiras não gostam muito de aglomeração destes ruminantes, porque eles ficam realmente muito irritados com esta mistura de raça... Se não pode nem mudar a cor da grama, imagina misturar os animais! Novilhos com vacas, bois de corte com reprodutores, acho que ficam confusos e se estressam demais... Também, com a rotina tão assoberbada destes funcionários municipais, dá até para entender.

Além do mais eu odeio estes vírus sintéticos, mal explicados e testados, mas um vírus a mais um a menos no lombo... O que tem demais? Quase toda a boiada já foi... Tem que ir... E foi assim no cocho mais próximo:

Estava eu portando meu bezerro mais novo, no BB conforto "Bezerroto", entrei e vi muitas vacas e bois, todos com aqueles números pendurados na orelha, ai pensei: Bem, eu tenho que pegar o meu número. Me dirigi ao capataz e perguntei:

- Por favor, qual é a fila para a senha?
Ele me respondeu:
-Se for vacinar o bezerro é na outra porta...
Bem, eu paciente como uma boa vaca educada que sou, sim pensando, se fosse para vacinar o bezerro não estava no grupo da vacina H1N1 (tudo bem que tem muitas vacas e bois que não lêem nem se balançar a placa na frente... Mas eu costumo ler, sou uma vaca leitora e blogueira!) Enfim, respirei e continuei com minha educação:
- Não Sr, não é o bezerro... Sou eu que preciso me vacinar!
Ele tão educado respondeu:
- Então espera!
Ah... Deu-me meu número para pendurar na orelha, número 44.
Com um sinal, através das mãos, alguém fez a fila do gado seguir... Como gado não sabe falar, então as pessoas não tem por hábito falar, apenas sinalizam e pronto.
Parei na porta, numero na orelha, uma mulher com os braços cruzados, infeliz em seu dia fatídico de vacinar o rebanho... Fiquei pensando o que ela pensava... Pensava nas horas que o rebanho se recolhesse e ela finalmente pudesse ir para sua casa, só pode ser, porque sua cara era aterrorizante...

Perguntei bem baixinho (estava com medo, muito medo mesmo!)
- Posso entrar?
- Ela ainda na linguagem dos sinais... Convicta de que eu na condição de vaca, não merecia o som de sua voz... Fez um pequeno gesto com suas mãos... Espere... Pare! Não! Ah cada animal interpreta como quiser ou puder! Eu entendi que era não... Sei lá... Vai que eu entro e levo um oooooooooo... (famoso "breque de boi').
Esperei.
Passaram alguns minutos...
Ah,  tinha uma senhora vaca, simpática atrás de mim, o número 45, ela me perguntou se eu queria deixar o bezerro com ela... Se eu confiava? Quando ela falou "se você confiar" ai não sei por que, não confiei! Coisa de vaca louca, vaca encanada, vaca atolada... Sei lá... Não deixei a Brisa com ela!
Ah... A mulher bizarra, leoa de chácara, descruzou os braços e fez um gesto com as mãos que era para eu entrar! Tirei o casaco... Fiquei de camiseta manga longa... Ela me olhou... Reprovou, bufou e finalmente ouvi a voz daquela senhora!
- Não vai dar!
- Não vai dar o que? (Pensei em milésimos de segundos, ufa escapei desta porcaria!)
- A camiseta. Tem que tirar...
- Ah Ok.
Olhei para a porta... Ela sem titubear, bateu na cara daquela senhora simpática... Coitada, vaca tão bondosa...
Passou o algodão e veio o pulo, reação, reflexo, dor não dor, aquelas coisas que sentimos quando uma agulha entra assim de supetão... No meu caso, acho que eu jamais vou me acostumar com essas coisas entrando em mim de uma forma assim brusca, não sei, me sinto totalmente invadida!
Quando a vacina entrou, o corpo reagiu, um pouco para trás... Assim... Acho que é normal... Mas ela, definitivamente não gostou!
- Não adianta ir para trás, que enfio com mais força! - Ela disse.
Respondi:
- É que foi reflexo... Foi sem controle... Mas se a senhora tivesse me dado um toque, assim que iria enfiar a agulha, acho que eu teria segurado o corpo! (dei uma risadinha sem graça)
- Não é minha obrigação avisar quando vou enfiar a agulha!
(Afinal de contas você faz parte do gado que eu tive que vacinar nos últimos 200 dias)
- Ah... Claro, Não é obrigação, mas a senhora poderia ser mais simpática e avisar, olha agora vou picar... Ai a gente se prepara, mas com essa cara e esse mau humor...
Eu não aguentei, poxa, para que tratar a gente como bicho, como gado? Assim sem haver a mínima comunicação e respeito? Por quê?
- Também com estas coisas que escuto aqui... - ela completou elegantemente.
- Me desculpe, mas eu não fui mal educada com a Senhora... Mas a Senhora está com esta cara feia desde que eu cheguei, mas beleza, obrigada, tenha um bom dia!
(Acho que ela pensou, ah essa vaca deve ser Nelore, ela fala e até reclama...)

Sai, parei ali na frente e falei para um novilho, sentado ali no banco de cimento do ponto de ônibus, onde apoiei minhas coisas... Então, desabafei:
- Este posto é horrível, porque somos tratados assim?
Ele respondeu
- Eles são rudes, né...
- Muito, porque será?
Ele falou
- Não há explicação lógica para isso...
Aí, fui pensando... A explicação é lógica! Claro!
EU SOU UMA VACA E PRONTO!




quarta-feira

O recreio dos tempos...

Ah... O outono!



Hoje dedico este post à este tempo.

Como eu amo o outono! A estação do romance, do belo, do acolhedor...

E como é exuberante, ó majestoso outono!

Aqui em Campinas, como é arborizado, não tanto como o Rio ou Curitiba, mas é possível ver muitos Ipês, imperativos, invadindo as ruas, enchendo as calçadas em suas mais variadas tonalidades, os amarelos, rosas, brancos... Infinitamente lindos com o fundo azul de um céu limpinho, a brisa fresca, sutil, quase que gelada...

Ah... Flores dançarinas, folhas inquietas...

As paisagens naturais, pintadas à mão, pessoas bem vestidas, o brilho do sol em seus cabelos, o rosado no rosto... No nariz... As nuances do carmim da maquiagem, os casacos, as botas...

Tão chique esta estação!

E o perfume? Ah, podemos sim, mesmo durante o dia usar as fragrâncias mais marcantes, sentir o cheiro do couro dos casacos, dos sobretudos, o aroma dos cafés, dos caldos, da mandioquinha com a salsa, do vinho e das velas...



Quantos aromas!

Estação romântica, com as noivas de maio, o dia dos namorados em junho, o quentão e o casamento do caipira! Teria mês mais propicio para as pipocas, os filmes, as mantas, os chás, as meias, o quente invadindo o quase gelado...

Cobrir para descobrir!

Estação das sutilezas, como o sabor das limas, dos inícios e dos finais... Para alguns, o novo ciclo, para outros a chegada do final. O primeiro semestre se indo o e próximo chegando, tempo de refletir, do fôlego, do intervalo...

É o recreio dos tempos!



As frutas ficam maduras, as cores mudam, as folhas caem, como numa passarela, para que possamos passar, rumo à hibernação, nos preparar para o próximo, acolhendo nossa energia, rumo ao interno, ao quentinho...

Ao encolhido de nós mesmos!

Estação das cores nas árvores, nas roupas, nas bocas, cores nos olhos, cores dos apaixonados, que se grudam, na mistura da cor e das sensações, do provar, do sentir nos lábios o sabor e a temperatura...

Cores sentidas!

O cheiro do frio entrando sutil...acordando o corpo ainda muito quente do verão...Mas, não tão frio como o inverno...as sensações...

Contemplar o tempo...

É a perfeição das estações!

Ah... Outono que me invade o corpo, que me invade a alma...

domingo

"Enquanto fêmea..."




Não sou do movimento feminista, mesmo porque, nestes últimos tempos a mulher mais perdeu do que ganhou com essa bandeira. Não vejo vantagem nenhuma em ter jornadas duplas, triplas, viver estressada, e ainda para viver alguns "momentos" de suposta independencia se veste de maneira vulgar, enche a cara e transa com o primeiro bonitão que acena...porque se sente só e no fundo esta precisando ser amada.

Não acredito que isso traga alguma liberdade à alguém, esse comportamento "predador", antes só dos homens (e tão vulgar quanto), só traz um grande vazio, traz buracos e feridas que às vezes, nem cicatrizam...

Essa aparência agressiva é na verdade um pedido de socorro -"Me ajudem que eu to muito só!!! “Vem trazer amor para minha vida!”- Ainda mais mulher, que o universo mulher, é muito mais além...
Não é liberdade feminina e sim fuga, tristeza e solidão! Isso nunca foi e nunca será liberdade para qualquer sexo!

Também não acho que há nenhum problema em um homem pagar uma conta, um jantar... Ou abrir porta do carro,  aliás, acho que isso tem mais haver com educação do que com a sexualidade... Não sou machista também não! Acho que o homem pode ajudar em casa sim, principalmente com os filhos e mesmo assim continuar sendo homem, tendo seu espaço, etc. Acho até, que hoje, com a contribuição masculina em casa, os filhos sentem o pai mais próximo, mais presente e conseguem ter um relacionamento melhor com a família, enfim, não tenho um radicalismo em relação às atitudes dos homens e mulheres atuais, mas acredito que precisamos sim, ponderar e escolher caminhos que nos fazem pessoas de bem conosco, felizes não só no durante, mas no antes e depois e isso só é possível se soubermos identificar nossa essência, de como somos feitos e para que somos feitos....

O que quero comentar neste "post" não é das qualidades e defeitos dos homens e mulheres, mas justamente a confusão em relação essa "liberdade".

A mulher sempre foi muito cobrada desde muito cedo, em comportamento, atitude, beleza, educação, mesmo passando anos, gerações, o mundo a um clique, ainda há uma expectativa muito grande em relação às suas decisões, seu comportamento, sua escolha... Como sou mulher, vou falar da minha experiência e visão como fêmea... Talvez o homem tenha e sinta tanto como, o peso das responsabilidades que lhe cabem, mas o que experimentei... O que eu vivi foi sendo uma mulher, e não um homem...

Morando sozinha , muitas vezes as mães de minhas colegas, torciam o nariz: "Ah aquela menina não presta, mora sozinha! - "Mãe largada do marido"- aliás, nunca é o "pai largado da esposa, sempre é a mulher que é largada, abandonada, jogada... O homem não! O homem é o coitado: "Ah coitado, a mulher largou dele..." "Tão bom homem, trabalhador, honesto...". Além das famílias, os rapazes, já não te respeitam... "Ah mora sozinha... Presa fácil para transar!", Se o homem mora sozinho, ai ele é o cara, - "Nossa, filho de fulana é independente, mora sozinho, se mora sozinho é independente!"- É, isso acontece, mesmo nos dias de hoje, seria hipocrisia falar que é diferente, tem certas coisas que não mudam!

Você começa a namorar e as amigas, vizinhas, tias, a mulherada em peso já vem :  "E aí o cara tá te enrolando?" "Não vai casar não?" "Olha cuidado...homem que namora muito é porque não quer casar ..."

Depois que você finalmente casa, ai começa a outra cobrança: "E ai quando vai ter bebê?" "Tá na hora heim!"- "Já ta ficando velha..."- Outro dia, na manicure, e como fazia um tempo que eu não ia, ela me alertou: "Ó continua demorando a vir: O marido troca de pézinho, heim!" "Homem não gosta de mulher relaxada!"

Homem não gosta? Homem não! Ninguém gosta de gente relaxada! Mas a mulher ainda continua usando o homem como referencia, como se não fosse possível se arrumar para também se sentir bem!

Então além de filhos, você deve ser bela, gostosa e de pé lisinho! Se não, ele te larga! Porque afinal de contas você é a opção ruim e ele a boa.

Por isso acho que este comportamento de "mulher poderosa" mulher fatal", não trás de fato a liberdade e o respeito por suas escolhas. A razão de todo o aparato, das conversas, das atitudes, não são da sua essência, são para o outro...e isso para mim não é liberdade!

Se você tem filhos, eles precisam parecer com o marido, porque se não já te olham (e você sabe o que pensam só pelo olhar) e falam: "Nossa, mas não parece nenhum de vocês..." "Ela é tão diferente..."
Devo admitir, sinto-me aliviada que minhas filhas pareçam com o pai, pois já ouvi cada coisa absurda! É como assumir um crime que não cometeu, porque a a criança não pareça com o pai! Como se voce tivesse o poder, de decidir as características físicas do seu bebê!

Isso sem falar do sexo do bebê: " Olha quero um neto homem,heim!" "Ai se não for uma menininha ..a vovó vai ficar tão tristinha..."

No meu primeiro casamento, não tive filhos, mas era cobrada massivamente por outras mulheres por isso, mas como era muito nova, nunca fui atrás para saber por que não engravidava. Com quase 30, na segunda união, achei que era estava na hora... Fui atrás e soube que ter filhos, não seria tarefa fácil, por vários motivos relacionados à saúde... Soube também que, se algum dia engravidasse duas coisas eu deveria considerar: Primeiro jamais poderia amamentar, segundo, não poderia ser parto normal! Fora as dificuldades para a gravidez propriamente dita, devido aos miomas, endometriose e sinéquias... Fiquei chateada, mas encarei os fatos e fiz o que pude para engravidar, segui as orientações médicas e pronto!

Engravidei da Pietra, após uma cirurgia, muitas medicações, tratamentos, agulhas, e quando estava no oitavo mês já estava tensa não com o cezariana, mas estava tensa com as cobranças da mulherada!

Ficava pensando nelas me questionando em relação ao parto e principalmente à amamentação! Nossa fiquei muito preocupada com isso... E tive toda a razão! Fui e sou muito cobrada agora com minha segunda filha, por não tido parto normal e por não poder amamenta-las!

É um stress a parte,onde vou, as mulheres me perguntam, me questionam e me cobram... E não são só mulheres mais íntimas, mas também as mais desconhecidas (tipo uma outra mulher amamentando o seu filho no berçário do shopping X), elas investigam o motivo pelo qual eu dou a mamadeira para um bebê tão novo, como não dar o peito para seu filho?  Para elas, é quase que inaceitável você simplesmente dizer: "Não posso!" - Isso não basta! Tem que convencê-las de fato que vc não pode. E não pode ser assim uma história curta, rápida, com poucas informações... Tem que contar TUDINHO, se não elas ainda saem falando que você é uma mulherzinha cruel e que não alimenta seu filho descentemente... E blá blá blá...

Mesmo depois, que vc explica e até diz que sente mal com isso... Que se chateia, etc. (apelando ao menos pelo sentimento de compaixão daquela sujeita), ela vem com aquela conversinha "Olha meu filho, meu neto, meu vizinho, meu afilhado, meu sobrinho, meu isso... Têm hoje y quilos e é saudável porque a mãe DEU O PEITO até os dois anos... Vc precisa ver que meninão saudável!!"- E ainda como se não bastasse, completa:

"Mas, sua filha é tão miudinhaaaaaaaaaaa" - Parece um sino no seu ouvido: Dinhaaaaaaaaaaaa...dinhaaaaaaaa;...dinhaaaaa..."- de coitadinha, filha da mulherzinha, que não deu o peitinhoooo...

Outro dia, falando com uma mulher que não teve filhos, porque simplesmente não veiram e ponto, ela lamentou-se da mesma situação, que não pode encontrar certas mulheres que precisa disfarçar, mudar de calçada, se esconder... só para que não venham com as fórmulas, os benzimentos, as simpatias, as indicações médicas e histórias de sucesso, sei lá mais o que para a coitada fazer ou tomar para que possa finalmente engravidar, porque afinal de contas nã basta ela dizer que tudo bem para ela, ela DEVE a gravidez ao marido, aos familiares, aos amigos, aos colegas, e aos vizinhos! Porque ela é mulher e não pode simplesmente não poder, mesmo sendo algo que ela não tem controle, que ela não possa... ou que aceite como um fato... Mas não permitem... Queira ou não, podendo ou não!

Então questiono, o que é de fato a liberdade feminina? A independencia que as mulheres tanto defendem?

Se não  há respeito entre nós mulheres!

Liberdade feminina, masculina ou de qualquer sexo é a possibilidade de você se respeitar, se sentindo inteiro, com sua essência, mesmo que para os demais ainda falte pedaços, fraguementos... E que para eles não seja o inteiro da forma adequada, da cor desejada, ou da vida planejada...

Para a conquista da real liberdade, antes de tudo precisamos respeitar o próximo!









quarta-feira

Mudanças...(senta que lá vem história)

Sempre fui uma pessoa apta a mudanças! Gosto do novo, do desconhecido, da sensação do mistério, da pulsação em ritmo acelerado...



Quando éramos crianças, mudamos muito, por vários motivos, ou por causa da separação ou por que minha mãe precisa mudar de setor no trabalho, em um único ano, me lembro que mudei três vezes de casa. Ás vezes mudava até de cidade, já morei em SP em dezenas de bairros, além de Taboão, Osasco... No interior como Bragança, Mogi, Campinas, Atibaia até no Guarujá já morei ...

Muitas casas, muitos hábitos, muitas pessoas, só não gostava da parte pesada, carregar caixas, agrupar o seu e arrumar de novo o nosso...

Mas, já me adaptava, nova escola, novos amigos, tudo novo de novo!

Fui morar sozinha aos 16... Depois fiquei dos 18 aos 19 com meu pai e me casei no final daquele mesmo ano em Campinas, de véu e grinalda. No dia seguinte, fomos para Osasco. Ele era de lá, aliás, raramente namorei alguém de Campinas, sempre tive dificuldades de relacionamentos com os campineiros, apesar de ser uma campineira.

O casamento durou pouco, só quatro anos, mas, nos mudamos duas vezes de casa... Após a separação fui para uma pensão, porque não tinha grana para pagar a prestação do AP, mais um aluguel de uma casa só, foi então que recebi um convite de uma senhorinha que dormia sozinha, pois o esposo era vigilante e a filha se casou e ela ficava com medo de dormir sozinha. Bem mudei de novo para a casa da senhorinha, já que meu AP ainda estava em construção... Ela me esperava da faculdade todos os dias, sempre com uma sopa...
Uma graça! Mas, durou pouco... O apto ficou pronto e mudei para lá...

O apto foi entregue, mas não foi entregue assim de fato, porque ainda na rua não tinha luz, asfalto e muito menos vizinhos, mas eu quis mudar mesmo assim! Afinal de contas, era a minha casa! Éramos duas famílias no prédio, uma senhora separada com quatro filhos no primeiro andar e eu sozinha no sétimo andar... Quase um prédio fantasma... Mas o engenheiro, deixava o gerador da obra ligado à noite e assim foi até que tudo fosse ficando habitável...

Bem, eu trabalhei em Osasco, quase dez anos no mesmo local, então imagina, eu estava quase surtando, porque apesar de ter mudado de casa, de estado civil, etc., quando eu chegava à porta do trabalho, era sempre a mesma coisa, cumprimentava os mesmos vizinhos, a portuguesa do lado, a mexeriqueira do outro, o chaveiro, o vigia do supermercado, a senhorinha do pão das sete, o sorveteiro das nove, a faxineira do fulano... Enfim, aquelas pessoas que a gente cruza diariamente, fala rapidamente e que faz parte de nossa vida e quando vc vê, conhece há dez anos... Eu estava assim: desmotivadíssima!

Como era uma clínica e eu sempre trabalhando na parte administrativa, resolvi fazer uma pós em administração hospitalar e mudar de trabalho, quem sabe um hospital, lugar maior, mais pessoas e possibilidades...

Bem, foi ai que conheci o Carlos, já estava com 30 anos e decidi que já estava na hora de ser mãe!

Apesar de um emprego de dez anos, estável, AP novo e quase próprio (ainda estava pagando) e a Pós quase concluída, fiz a proposta: Vamos nos mudar?

Bem eu queria não só a mudança para uma nova vida, mas queria um novo endereço, uma nova casa, um novo trabalho, novas amizades e possibilidades... Isso foi em agosto de 2002, mudamos em dezembro deste mesmo ano, mudamos para Nova Odessa (um dia conto como foi a mudança, é uma história a parte). mudança radical, de São Paulo vida a mil por hora para a pacata Nova Odessa ...porque Nova Odessa ...porque minha mãe morava lá numa bela casa com piscina e vivia me falando para ficarmos mais juntas ...cidade calma ...e eu poderia ser sua vizinha...e blá blá blá ...enfim, foi uma péssima escolha, mas a péssima, fica para o assunto MÃE (que ainda falta a parte II). Bem, nem precisa falar que em pouquíssimo tempo eu quase surtei morando lá... A cidade não é calma, é morta! E eu ainda fiquei trabalhando na mesma clínica mais dois anos, então ia e voltava à SP a cada dez dias, dormia lá alguns dias e voltava com muitos papéis na bagagem... O Carlos ficou desempregado quase um ano, como o nosso "networking" estava em SP, aprendemos da pior maneira, que "imigrantes" aqui em Campinas e região, são pessoas não gratas, morando em Nova Odessa então, as possibilidades de trabalho para ele reduziam de 5 para 0, decidimos mudar para Campinas!

Eu já estava grávida da Pietra e pedimos ajuda ao meu pai para achar uma casa para alugarmos, porque pelas imobiliárias o preço era um absurdo e a exigência de documentos... Bem, ele falou com uma vizinha que poderia nos alugar um imóvel seu que já estava desocupado há tempos em troca de algumas reformas... Bem, fui olhar o imóvel, estava em péssimas condições, mas o bairro era bom, em frente a Praça Arauto da Paz, Taquaral, e como ela iria descontar o valor da reforma integralmente no aluguel... Resolvi aceitar o desafio! Eu tão inocente... Não tinha noção que do que é uma reforma! Reforma é mais ou menos assim: Um poço sem fundo, vc arruma de um lado, quebra o outro, vc puxa um fio aqui, arrebenta o outro acolá e assim vai e o dinheiro vai e vai e vai... E não basta! A barriga crescia... O dinheiro ia... O Carlos sem trabalho... As necessidades de gastar também ...e a casa continuava inabitável...eu olhava para o vaso sanitário e sentia um nojo, uma repulsa, imagina uma grávida numa casa abandonada, imaginou??? Não tinha cloro que bastasse!!! O que aconteceu??? Mudamos de novo, assim, menos de dois meses na casa...

O Carlos, já com 14 quilos a menos, pesava antes 90, parecia um doente, porque não arrumava emprego, nova família, muitas responsabilidades e mudanças, resolveu fazer uns bicos na feira "hyppe", ali no Centro de Convivência e no Castelo (e eu ia junto, claro, companheira na pobreza e na riqueza) e ainda vender consórcio na Rodobens. Ele nunca havia feito tatuagem de Henna na vida e muito menos vendido uma bala, mas foi, porque se não ele ia sumir, evaporar... E eu ia ficar sem marido e a Pietra sem pai!

Bem, mudamos para um apartamento no Proença, tive que abrir mão do nosso lindo Zeus, um Rotwailler que havia comprado em Nova Odessa. Felizmente, ficou com um pessoal que o ama muito, numa chácara bem espaçosa em Arthur Nogueira, pois não achei uma casa descente que cabia no orçamento.

O Carlos logo arrumou um emprego em uma grande indústria e ai veio todo o pacote de benefícios, clube, convênio médico, odontológico, comprou um carro, bebezinho novo... A vida estava uma beleza! Mas...

Ficamos neste apartamento três anos, aí eu comecei a implicar com o bairro, num agüentava mais ponto de ônibus barulhento na porta, o movimento do bairro São Fernando ali pertinho, os vizinhos que perguntavam toda hora sobre a minha vida, e lógico o apto que estava ficando com pisos soltos... Um dia levando a Pietra na escola, no Bosque, vi uma placa de aluga-se em uma casa bem bonitinha, com um jardim todo aparadinho, grade azul, bem romântico... Perguntei para vizinhança e descobri que o proprietário morava ao lado... Bem, ele abriu as portas, a casa era enorme, quatro quartos e a principio para um aluguel comercial. Mas, nos fundos, tinha uma casinha rústica, que era da mãe dele... No banheiro, louças sanitárias com desenhos vitorianos, parecendo casinha de fazenda... Panelas de ferro enfeitando a cozinha, um "loft" rústico... Me apaixonei!

Ah vamos Carlos, Vamos... É pertinho da escola da Pietra...Vamos...Blá blá blá... etc...etc ...esses argumentos que mulher arranja e faz o sujeito engolir goela abaixo as suas idéias...

Mudamos... Rsrsrs. Aí, o Carlos falou: Só mudo daqui se for para minha casa... Não agüento mais! O que eu não mudei em 26 anos, agora com vc... Já mudamos quatro vezes... Ele tinha razão!!!

Nisso eu já estava entrando para meu quarto trabalho aqui em Campinas também, porque como de casa, estava gostando de mudar de trabalho...

Bem o rústico é bom durante os finais de semana... Mas no dia a dia... Rrsrsrs.

Ficamos nesta casa mais quase três anos. Lá de nosso quintal, ele via uma cobertura, ele ficava olhando as palmeiras ali no alto... Acho que no décimo andar. Com vidros em volta... Sonhando falava para mim: Se você quer ir para um apartamento, tem que ser o ultimo andar, porque eu quero ter um quintal, quero ver o céu... E eu falei cobertura??? Ele falou, imagina... Só to sonhando... Porque agora, isso é impossível!

Bem, o impossível para mim é só quando eu estiver morta, pois nada para mim nunca foi impossível!

Hoje moramos sim em uma modesta cobertura, mas é uma cobertura e é nossa! Nem preciso falar que nos mudamos pela 5º vez! Mudamos em setembro de 2009 e estamos aqui já planejando a grande mudança... Só que agora de país!!!

Ontem, resolvi mudar o nome do blog, porque eu sou assim, eu mudo mesmo! Porque mudar faz bem! Traz o novo e que o novo venha, para desarrumar, chacoalhar, bagunçar e porque não deixar tudo melhor, porque na vida sempre temos que buscar nas mudanças, o melhor... Porque sempre depois das dificuldades, vem a parte boa e aí é só esperar pela próxima mudança!

Que venham as mudanças!!!

Beijos à todos os seres inquietos que mudam ou que desejam uma grande mudança em sua vida!

Acredite tudo é possível!!!!

segunda-feira

Eu confesso:

Carlos, meu companheiro, te dedico este post, já que me cobras tanto que eu confesse!





Confesso que eu tenho problemas com tampas, roscas, fechos, torneiras, shampoos, cremes, pasta de dente, bolsa, carteira, gavetas, refri e afins! Eu não sei fechar nada, deixo quase (pode ser quase? Já é um avanço!) tudo aberto!

Confesso que eu como todo o chocolate que vc compra e não a Pietra!

Confesso que eu odeio fazer academia, vou empurrada, mal humorada e sinto-me torturada carregando aqueles pezinhos nos tornozelos e braços.(.aff ...fico rezando para chover ou qualquer empecilho para que eu não vá! A Brisa quase sempre salva a mamãe nessas ...)

Confesso que as minhas filhas são dorminhocas, porque EU sou dorminhoca e não vc (só basta uma semana em casa, que entram no ritmo do soninho...);

Confesso que eu demoro para me trocar, porque antes troco se não uma, mas duas mini-mulheres, que combinam, que precisam ficar cheirosas, que usam brincos, enfeites na cabeça e ainda carregam a troca
(isso não é desculpa é um fato.);

Confesso que perdemos horários, porque EU não consigo acordar cedo!
(Ah.. mas com este tempinho, quem consegue???)

Confesso que eu não tenho paciência para nada, sou exigente, reclamo de tudo e sou chata!
(Mas vou te contar um segredo: Quase todas as mulheres são assim...é de verdade isso! Pode perguntar para qualquer um);

Confesso que eu não sei nada de geografia, não sei nem onde é o sul, ou o norte, menos ainda oeste e leste, (isso é grego???);

Mas mesmo assim, com tudo isso, agradeço todos os dias pela família maravilhosa que me proporcionou e pela possibilidade de viver tendo atitudes de amor.



Pronto, confessei além das tampinhas!

Te amo, seu chato!!!

quinta-feira

?




Hoje,  às 8h da manhã estava eu no Fórum Trabalhista, na primeira audiência do dia, buscando ali o "certo"  na justiça dos homens...

Antes de entrar, os comprimentos e o teatro. Faz parte, uns ensaiam, outros improvisam, mas de fato todos encenam!

Depois fiquei pensando no assunto,  do que é certo e do que é errado, nisso tudo...

Eu ali, ansiosa, depois de passar por tudo que passei, financeiramente e psicologicamente, ao ser demitida no oitavo mês de gravidez (e quem já ficou grávida ou grávido é que sabe o que é isso...) e não receber absolutamente nada, nem dinheiro, nem obrigada, rien! Após quase três anos consecutivos, de um trabalho honesto, empenhando de forma integral e absoluta,  com total dedicação não apenas profissional , mas de amor! Sim! Amor e empenho!  Pois é isso que sempre considerei o correto, o certo e o justo! Eu posso dizer, que certamente, todos os dias que trabalhei naquela empresa, trabalhei feliz! Eu acordava, levava a Pietra para escola, tomava meu café, comendo um pão de queijo no Pão de Açucar, lendo o jornal e ia traballhar ...Isso era bem real, era a minha realização, era a minha conquista diária..., sentia-me orgulhosa e  hoje como poderia eu estar? Ansiosa, sedenta não por dinheiro, mas pela justiça dos certos!

O dono da empresa estava ali também... pensativo...nervoso e porque não, ansioso. Creio eu,  que com a certeza de para ele foi o certo, porém eu, o errado!

Mas de quem é a razão? O errado dele e meu certo ou o meu errado e o certo dele, eu a errada?

Tem razão quem esta certo? Ou quem tem melhor defesa, com frases certas? O que é a verdade dos certos, ou na verdade dos errados...isso importa?

Uma vez, conversando com um advogado criminal, ele me contava que defendia um homem acusado de empurrar a mulher da sacada . Perguntei: "Mas ele empurrou mesmo?" - Ele me disse - "Não sei!. (e continuou...) Nós advogados, não precisamos saber se foi verdade ou não, se é certo ou não, não é o mérito da questão ! Mas,  o que é verdade e o que é certo, para quem estamos defendendo! Ele disse que não foi ele, então não foi! Se essa é a verdade ou não ...não interessa!

Fiquei indignada aquele dia, porém, como sou apaixonada por filmes e livros de investigações criminais, júri, casos polêmicos e afins, fiz uma rápida corrida em meus pensamentos, no que já havia lido e assistido e me questionei:

Justiça é realmente um jogo? Ganha quem jogar melhor?

Será que prevalece o que é justo, o que é verdade ou o certo? Ou não? Prevalece quem souber de forma inteligente jogar com palavras, jogar com as situações e provar o certo ou o errado do ponto de vista de quem? Da vítima ou do seu algoz?

Nem que o certo seja o errado ou o errado seja o certo...

No meu caso, a minha tentativa do certo ficou para outubro, para ele não sei ... pois certa eu sai , de que CERTO é aquele que honra aquilo que se faz e aquilo que se diz ...mesmo que de forma ERRADA!