domingo

"Enquanto fêmea..."




Não sou do movimento feminista, mesmo porque, nestes últimos tempos a mulher mais perdeu do que ganhou com essa bandeira. Não vejo vantagem nenhuma em ter jornadas duplas, triplas, viver estressada, e ainda para viver alguns "momentos" de suposta independencia se veste de maneira vulgar, enche a cara e transa com o primeiro bonitão que acena...porque se sente só e no fundo esta precisando ser amada.

Não acredito que isso traga alguma liberdade à alguém, esse comportamento "predador", antes só dos homens (e tão vulgar quanto), só traz um grande vazio, traz buracos e feridas que às vezes, nem cicatrizam...

Essa aparência agressiva é na verdade um pedido de socorro -"Me ajudem que eu to muito só!!! “Vem trazer amor para minha vida!”- Ainda mais mulher, que o universo mulher, é muito mais além...
Não é liberdade feminina e sim fuga, tristeza e solidão! Isso nunca foi e nunca será liberdade para qualquer sexo!

Também não acho que há nenhum problema em um homem pagar uma conta, um jantar... Ou abrir porta do carro,  aliás, acho que isso tem mais haver com educação do que com a sexualidade... Não sou machista também não! Acho que o homem pode ajudar em casa sim, principalmente com os filhos e mesmo assim continuar sendo homem, tendo seu espaço, etc. Acho até, que hoje, com a contribuição masculina em casa, os filhos sentem o pai mais próximo, mais presente e conseguem ter um relacionamento melhor com a família, enfim, não tenho um radicalismo em relação às atitudes dos homens e mulheres atuais, mas acredito que precisamos sim, ponderar e escolher caminhos que nos fazem pessoas de bem conosco, felizes não só no durante, mas no antes e depois e isso só é possível se soubermos identificar nossa essência, de como somos feitos e para que somos feitos....

O que quero comentar neste "post" não é das qualidades e defeitos dos homens e mulheres, mas justamente a confusão em relação essa "liberdade".

A mulher sempre foi muito cobrada desde muito cedo, em comportamento, atitude, beleza, educação, mesmo passando anos, gerações, o mundo a um clique, ainda há uma expectativa muito grande em relação às suas decisões, seu comportamento, sua escolha... Como sou mulher, vou falar da minha experiência e visão como fêmea... Talvez o homem tenha e sinta tanto como, o peso das responsabilidades que lhe cabem, mas o que experimentei... O que eu vivi foi sendo uma mulher, e não um homem...

Morando sozinha , muitas vezes as mães de minhas colegas, torciam o nariz: "Ah aquela menina não presta, mora sozinha! - "Mãe largada do marido"- aliás, nunca é o "pai largado da esposa, sempre é a mulher que é largada, abandonada, jogada... O homem não! O homem é o coitado: "Ah coitado, a mulher largou dele..." "Tão bom homem, trabalhador, honesto...". Além das famílias, os rapazes, já não te respeitam... "Ah mora sozinha... Presa fácil para transar!", Se o homem mora sozinho, ai ele é o cara, - "Nossa, filho de fulana é independente, mora sozinho, se mora sozinho é independente!"- É, isso acontece, mesmo nos dias de hoje, seria hipocrisia falar que é diferente, tem certas coisas que não mudam!

Você começa a namorar e as amigas, vizinhas, tias, a mulherada em peso já vem :  "E aí o cara tá te enrolando?" "Não vai casar não?" "Olha cuidado...homem que namora muito é porque não quer casar ..."

Depois que você finalmente casa, ai começa a outra cobrança: "E ai quando vai ter bebê?" "Tá na hora heim!"- "Já ta ficando velha..."- Outro dia, na manicure, e como fazia um tempo que eu não ia, ela me alertou: "Ó continua demorando a vir: O marido troca de pézinho, heim!" "Homem não gosta de mulher relaxada!"

Homem não gosta? Homem não! Ninguém gosta de gente relaxada! Mas a mulher ainda continua usando o homem como referencia, como se não fosse possível se arrumar para também se sentir bem!

Então além de filhos, você deve ser bela, gostosa e de pé lisinho! Se não, ele te larga! Porque afinal de contas você é a opção ruim e ele a boa.

Por isso acho que este comportamento de "mulher poderosa" mulher fatal", não trás de fato a liberdade e o respeito por suas escolhas. A razão de todo o aparato, das conversas, das atitudes, não são da sua essência, são para o outro...e isso para mim não é liberdade!

Se você tem filhos, eles precisam parecer com o marido, porque se não já te olham (e você sabe o que pensam só pelo olhar) e falam: "Nossa, mas não parece nenhum de vocês..." "Ela é tão diferente..."
Devo admitir, sinto-me aliviada que minhas filhas pareçam com o pai, pois já ouvi cada coisa absurda! É como assumir um crime que não cometeu, porque a a criança não pareça com o pai! Como se voce tivesse o poder, de decidir as características físicas do seu bebê!

Isso sem falar do sexo do bebê: " Olha quero um neto homem,heim!" "Ai se não for uma menininha ..a vovó vai ficar tão tristinha..."

No meu primeiro casamento, não tive filhos, mas era cobrada massivamente por outras mulheres por isso, mas como era muito nova, nunca fui atrás para saber por que não engravidava. Com quase 30, na segunda união, achei que era estava na hora... Fui atrás e soube que ter filhos, não seria tarefa fácil, por vários motivos relacionados à saúde... Soube também que, se algum dia engravidasse duas coisas eu deveria considerar: Primeiro jamais poderia amamentar, segundo, não poderia ser parto normal! Fora as dificuldades para a gravidez propriamente dita, devido aos miomas, endometriose e sinéquias... Fiquei chateada, mas encarei os fatos e fiz o que pude para engravidar, segui as orientações médicas e pronto!

Engravidei da Pietra, após uma cirurgia, muitas medicações, tratamentos, agulhas, e quando estava no oitavo mês já estava tensa não com o cezariana, mas estava tensa com as cobranças da mulherada!

Ficava pensando nelas me questionando em relação ao parto e principalmente à amamentação! Nossa fiquei muito preocupada com isso... E tive toda a razão! Fui e sou muito cobrada agora com minha segunda filha, por não tido parto normal e por não poder amamenta-las!

É um stress a parte,onde vou, as mulheres me perguntam, me questionam e me cobram... E não são só mulheres mais íntimas, mas também as mais desconhecidas (tipo uma outra mulher amamentando o seu filho no berçário do shopping X), elas investigam o motivo pelo qual eu dou a mamadeira para um bebê tão novo, como não dar o peito para seu filho?  Para elas, é quase que inaceitável você simplesmente dizer: "Não posso!" - Isso não basta! Tem que convencê-las de fato que vc não pode. E não pode ser assim uma história curta, rápida, com poucas informações... Tem que contar TUDINHO, se não elas ainda saem falando que você é uma mulherzinha cruel e que não alimenta seu filho descentemente... E blá blá blá...

Mesmo depois, que vc explica e até diz que sente mal com isso... Que se chateia, etc. (apelando ao menos pelo sentimento de compaixão daquela sujeita), ela vem com aquela conversinha "Olha meu filho, meu neto, meu vizinho, meu afilhado, meu sobrinho, meu isso... Têm hoje y quilos e é saudável porque a mãe DEU O PEITO até os dois anos... Vc precisa ver que meninão saudável!!"- E ainda como se não bastasse, completa:

"Mas, sua filha é tão miudinhaaaaaaaaaaa" - Parece um sino no seu ouvido: Dinhaaaaaaaaaaaa...dinhaaaaaaaa;...dinhaaaaa..."- de coitadinha, filha da mulherzinha, que não deu o peitinhoooo...

Outro dia, falando com uma mulher que não teve filhos, porque simplesmente não veiram e ponto, ela lamentou-se da mesma situação, que não pode encontrar certas mulheres que precisa disfarçar, mudar de calçada, se esconder... só para que não venham com as fórmulas, os benzimentos, as simpatias, as indicações médicas e histórias de sucesso, sei lá mais o que para a coitada fazer ou tomar para que possa finalmente engravidar, porque afinal de contas nã basta ela dizer que tudo bem para ela, ela DEVE a gravidez ao marido, aos familiares, aos amigos, aos colegas, e aos vizinhos! Porque ela é mulher e não pode simplesmente não poder, mesmo sendo algo que ela não tem controle, que ela não possa... ou que aceite como um fato... Mas não permitem... Queira ou não, podendo ou não!

Então questiono, o que é de fato a liberdade feminina? A independencia que as mulheres tanto defendem?

Se não  há respeito entre nós mulheres!

Liberdade feminina, masculina ou de qualquer sexo é a possibilidade de você se respeitar, se sentindo inteiro, com sua essência, mesmo que para os demais ainda falte pedaços, fraguementos... E que para eles não seja o inteiro da forma adequada, da cor desejada, ou da vida planejada...

Para a conquista da real liberdade, antes de tudo precisamos respeitar o próximo!









11 comentários:

  1. Estavas muito iluminada ao fazer este post. Concordo em gênero, número e grau, amiga!
    Parabéns!
    Bjkas, muitas!

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  2. Andou lendo Nelson Rodrigues? A primeira parte do seu texto é tão comum na obra dele..

    Mas acho assim Andrea, uma mulher que tem filhos pela natureza dela de querer ser mãe, compreende as outras, os problemas da gravidez, a não amamentação e tantos outos percausos que é ter um filho.

    As que cobram são aquelas que tiveram filhos para cumprir tabela. Sabe, sucumbe as criticas e obrigações do papel feminino da dona de casa, ou da mulher casada, muitas vezes inaptas para serem mães. Aí como se frustram dando a luz a filhos indesejados, o maximo que conseguem é olhar a vizinha, e critica-la, por se julgarem no topo da cadeia das genitoras.

    Conheço cada história tão absurda de mulheres que criticam outras, algumas ao ponto de acharem ruim que o filho de uma amiga tenho o mesmo nome de um sobrinho dela...como se nomes fossem propriedades particulares...

    Bem, deixa parar senão isso vira um post, e não um comentário..

    Beijão Andrea, ótimo texto o seu...

    Boa semana.

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  3. O problema do tal movimento feminista foi ter pego exatamente tudo que era ruim nos homens e terem copiado para as mulheres. Só os defeitos: o desreipeito, a sensação de superioridade e auto-suficiência, o deboche do amor etc.
    Mulheres hoje se acham o máximo por serem como homens e "pegarem" vários por noite, por humilhares caras, por serem incríveis! Será que elas não se dão conta de que isso é justamente uma das coisas que o homem tem de pior?

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  4. Olá Andrea, tudo bem?
    Adorei sua visita lá no Nagulha!
    Seja muito bem vinda e volte sempre que quiser!
    ^^

    Então querida...
    Eu nunca fiz nada para bebês, mas eis aí um desafio não é mesmo? ... ehhehe
    Seria legal um móbile para o bebê conforto né?
    Você tem alguma foto do seu pra eu dar uma olhada? Aí a gente pode pensar em alguma coisa.. ^^

    Beijinhos,
    Lídia.

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  5. Linda é a Liliane que trabalhava com vc, olha me vi no seu post, so pelo simples fato que por opinião propria não quero ter filhos, e o que acontece recebo uma chuva de pessoas me discriminando, mas ninguém nunca mas nunca procura saber o porque eu não quero, so sabem dizer, vc é nova,vai mudar de idéia, a vida não é nada sem filhos, mulher sem filhos não é mulher. Então espera ai, para ser mulher preciso ter filho então hoje eu sou o que uma ET... Olha amei este post seu. E sinto muitas saudades de vc. Um grande beijo a esta familia linda.

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  6. Muito bom seu post... ehehehe! Concordo quando vc diz que a sociedade cobra pesado das mulheres e cobra mesmo... Pior, a cobrança mas feroz e mesmo das outras mulheres... Acho isso uma babaquice... Mulher deveria aliviar umas as outras, como os homens fazem entre si... Por isso eles continuam na frente em conquistas sociais... A mulher se arrebenta toda pra mudar sua história e acaba com mais peso nas costas... Mas a batalha não chegou ao fim, estamos numa fase de transição, tem muito pouco tempo que as mulheres conquistaram seu espaço... Agora a coisa precisa se definir melhor...

    Beijocas

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  7. Olá, Andrea

    Ah, ótimas reflexões! Admito que demorei para compreender a verdadeira liberdade feminina. Errei muito e cresço constantemente com os erros que, às vezes, insisto em cometer comigo mesma, judiando de mim. Acho que só depois que li "A idade da Razão" de Jean-Paul Sartre, consegui entender o que, pelo visto, vc já consegue tão facilmente.

    Acho que a liberdade, seja ela feminina, masculina, humana, está relacionada ao respeito a nós mesmas(como vc disse) e à responsabilidade em arcar com as consequencias de nossos atos. Muitas pessoas veem a liberdade somente pelo lado positivo: de se fazer o que se quer; esquecendo-se, por vezes, que ela tb está vinculada com o fato de arcar com o que vir de nossas ações.

    Ah, eu ri bastante com os diálogos típicos e preconceituosos das pessoas nas situações q vc transcreveu. É exatamente assim! rsrs

    p.s.: Sobre o que havia lhe dito no meu comentário do post anterior sobre a sopa e a velhinha é que achei que vc poderia escrever um post sobre essa sua experiência. Conviver com pessoas mais velhas dão boas histórias!

    Beijos,
    Estou sempre aqui

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  8. Andrea estava inspirada mesmo heim. Olha eu acredito nisso que disse. As mulheres são muito preocupadas com as outras, se vestem para outras mulheres repararem, se emagrecem, ou fazem um tratamento de beleza é sempre pensando nas "amigas", mas dizem que é para o "homem" delas.

    Ser cobrada por que não amamenta ou porque esta casada a tantos anos e não tem filhos é uma pressão.

    Bem, como a Dama disse, as mulheres ainda tem muito chão pela frente.

    Bjs

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  9. Andrea queridaaaa, me apaixonei pelo seu blog!

    o post sobre a mudança... ameeeei tbm! menina, vc tem muita historia bacana! já pensou numa biografia indireta pra contar um resumão hein?!

    vc se mostra tão guerreira e tão leve... q acho q nem percebeu a mulher (e escritora) tão cara!!! hehehe

    então... sobre esse post aqui, eu tenho q concordar c vc! a questão do respeito é de fato o ponto chave! eu acho q a mulher (assim como o homem) tem q se encontrar no q mais se adapta, no q mais gosta... se é cuidar da casa e dos filhos: q os faça com amor! se é trabalhar fora: q os faça com amor! se é ter uma vida dondoca (se puder e gostar, pq não?!) de academia, spa, estetica e coqueteis: q os faça com amor!

    e aí eh q tá! não precisamos julgar ngm por ter escolhido uma forma de viver diferente da nossa! e nem devemos nos conformar em ser alvo de julgamento alheio, caso não estejamos cumprindo a tabela do que manda a geração social!

    bjoo

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  10. ..rs muito bom Andrea. Muito bom. Belo post.

    Acho que existem pessoas que muitas vezes são insatisfeitas em suas realizações pessoais devido a sua cultura que foi desenvolvida ao longo de sua vida, que simplesmente, acha que pode intervir na vida das demais pessoas.

    Não é só o sexo feminino que sofre cobranças, mas acredito que não seja facil as cobranças vinda a vcs. Alias, acredito que sejam muitas.

    Mas, o importante é sermos todos os dias em essencia, não devemos fazer nada a ninguem pra agradar, pra se 'enquadrar'. Precisamos, ser o que somos, com qualidades e dificuldades, mas preenchidos, por completo, mesmo assim.

    Ah Andrea, andei meio sumido, pq o trabalho esta me consumindo..rs Ando meio cansadão, desanimadão, mas estou voltando com os posts, e a visita ao blog! ;)

    Alias, seu blog, sempre com idéias reflexivas!
    Um grande abraço e beijo nas meninas. Ótima semana!

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  11. Menina... eu achei que estava sozinha nessa. Eu ando meio revoltada com a minha situação de mulher ultimamente, viu? Uma pressão sem fim, uma sociedade que exige que você desempenhe um milhão de papéis para ser considerada "a mulher do século XXI". A gente tem que dar a cara a tapa pra expressar o que realmente sente, pra expressar insegurança, medos, etc. Porque a mulher do século XXI é versátil, linda, bem sucedida. Cuida do casa e dos filhos e está sempre impecável. Já deu pra mim.
    Fora... FORA a vulgaridade, a banalização do corpo, o seduzir com a bunda e não mais com a inteligência. Enfim, mil coisas irritantes! Mulheres que não se dão, porque na verdade não se tem. Meros produtos. Já deu pra mim (2).
    Beijocas, flor.
    E eu tô loca pra enfiar meu salto agulha no olho da próxima mulher que virr me encher o saco.

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