Os Ipês me fizeram uma de suas apaixonadas por volta dos oito, nove anos de idade...
Eu morava nesta época em Atibaia e havíamos mudado do centro para um bairro mais afastado, tipo uma chácara em uma rua de terra, zona rural da cidade.
Como mudamos nas férias, foi maravilhoso, pois antes eu morava literalmente no "centro do centro", as ruas eram de paralelepípedo, poucos amigos na vizinhança e perigosas possibilidades para brincar... Como eu tenho dois irmãos, minhas brincadeiras nunca foram de bonecas e casinha e sim bicicletas, patins, bola... Vivíamos em meio às construções e terrenos baldios, nos afastavámos muito para que pudéssemos brincar livres dos carros.
Mas agora estávamos nas proximidades dos lugares onde mais gostávamos de ir. Lembro-me de pegar a bicicleta e irmos, pedalando... Rumo à infinidade de insetos, mexer com os morcegos que dormiam nas cercas, invadir chácaras, sítios desocupados para explorar, tomar água das bicas, enfiar o pé no barro para ver ele passar entre os dedos, nadar nas piscinas abandonadas e sujas, andar de bicicleta e entrar no mato, bicicleta e mato...
Quando retornamos das férias, continuamos na mesma escola do centro da praça. Chegamos cedo, eufóricos e conforme atravessei o pátio, fiquei deslumbrada...
Ele estava ali, bem no meio, no centro daquele chão de cimento... Aquele enorme Ipê amarelo. Sempre lá esteve a árvore, mas não o Ipê. Nunca tinha visto nada igual! Fiquei parada embaixo dela por alguns minutos e rodei toda sua enorme circunferência. Era a árvore mais linda que eu já havia visto! Nada de folhas ou galhos desenfeitados, eram flores, flores e mais fores. Todas em cachos, parecendo uma árvore de buquês!
Foi paixão á primeira vista e por estar bem no meio do pátio, de qualquer classe era possível vê-la a qualquer momento...
Ele estava ali, bem no meio, no centro daquele chão de cimento... Aquele enorme Ipê amarelo. Sempre lá esteve a árvore, mas não o Ipê. Nunca tinha visto nada igual! Fiquei parada embaixo dela por alguns minutos e rodei toda sua enorme circunferência. Era a árvore mais linda que eu já havia visto! Nada de folhas ou galhos desenfeitados, eram flores, flores e mais fores. Todas em cachos, parecendo uma árvore de buquês!
Foi paixão á primeira vista e por estar bem no meio do pátio, de qualquer classe era possível vê-la a qualquer momento...
(Foto: Adson Eduardo)
Lógico que a Dona Adelaide minha professora, fez o primeiro pedido de redação: Meu ipê amarelo.
Passaram-se mais de dezoito anos para que eu pudesse novamente estabelecer um novo olhar para estas arvores...
Por conta de um amor, as mensagens relatavam uma São Paulo de flores de outono e do inverno, que coloriam o céu e as calçadas...O colorido eram dos ipês rosas, roxos e também os amarelos...
Por conta de um amor, as mensagens relatavam uma São Paulo de flores de outono e do inverno, que coloriam o céu e as calçadas...O colorido eram dos ipês rosas, roxos e também os amarelos...
E onde eu passava, de carro ou a pé, ficava em busca deles, tentando identificar às palavras e os sentimentos que foram estabelecidos a partir do olhar do outro, como um elo, uma referencia ou até um símbolo de algo que esta passando na alma, como se olhar sua beleza e entender sua majestade dependesse do que estávamos vivendo...
Depois esse amor se foi, mas não levou o que sinto quando vejo um Ipê.
Aqui em Campinas, como já mencionei uma vez, temos muitos Ipês... Na maioria, rosas e amarelos, os brancos eu tive a honra de conhecer esta semana.
Fui vê-lo bem de perto e ficar assim, anestesiada, com tanta beleza e tanta vida que se desenvolve em torno da chamada "planta do mel".
Fui vê-lo bem de perto e ficar assim, anestesiada, com tanta beleza e tanta vida que se desenvolve em torno da chamada "planta do mel".
"Botânicos e especialistas explicam que entres as espécies de ipê, o branco é o que tem a vida mais curta, mas também o que em mais floradas durante o ano. Ele perde do amarelo, do rosa e do roxo no tempo de duração de suas flores, mas é o único a florecer até três vezes, entre agosto e outubro. A florada do ipê-branco ocorre pela falta de água, pois a árvore passa por uma situação de estresse e, com isso reage com flores. É uma forma de se reproduzir e dar continuidade à espécie." (Fonte: Jornal Correio Popular - Gilson Rei - Campinas - 24.07.2010)
Como vê-los é só uma questão de dias, fui em busca dos mais belos exemplares de Campinas:
Estavam na Fazenda Santa Elisa (Instituto Agronômico)
Corri para conferir e registrar.
"... Penso quantas dificuldades estas árvores enfrentam para sobreviver num meio tão hostil. Enquanto algumas precisam desviar de prédios para continuarem crescendo outras arrebentam asfalto e calçadas para darem lugar às suas raízes, isto quando não são simplesmente arrancadas para não atrapalharem o crescimento inevitável da metrópole.
Mesmo assim elas esbanjam beleza e quebram o cinza do ambiente que tanto lhes agride, como que presenteando São Paulo em agradecimento pelo espaço escasso que ainda lhes sobrou. Impossível passar pelos Ipês e não notá-los. Lembrei-me que os Jacarandás Mimosos florescerão em seguida. Que sejam resiliêntes como os Ipês para que tenhamos o prazer e a honra de admirá-los.
Os Ipês que florescem em São Paulo enfeitando as ruas despertaram em mim hoje a sensação de que qualquer dificuldade pode ser vencida desde que haja um objetivo real e tenho para mim que se o objetivo for tão nobre e justo quanto florir uma manhã cinza.." (Denise Lellis)