A prioridade do outro.

"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher." (Cora Coralina)

Esta semana fiquei admirada com que velocidade o projeto Copa de 2014 deslancha no país do futebol! Isso porque nem leio sobre o assunto, mas nem é preciso, é o assunto da maioria... Das grandes à pequenas pessoas, porque é além do esporte, é o ego, a vaidade, o investimento, o retorno, a publicidade e porque não alguns empregos...Mas não vou falar de futebol, porque nem vale à pena...

O que eu gostaria de entender mais uma vez é o nosso país e o nosso povo...

Enquanto parte dos nossos, milhares de pessoas em Alagoas e Pernambuco estarem sem a mínima condição de ter suas necessidades mais básicas atendidas, estamos nós priorizando a Copa de 2014 e todo o circo em torno dela. Não estamos preocupados com a reconstrução de cidades com hospitais, escolas, casas, mercados, cartórios, ruas, delegacias, igrejas, tudo! Pessoas perderam tudo e estamos preocupados se o técnico fulano vai de deixar o salário de 700 mil para ser técnico da seleção!

Com fome e carente de material de higiene e limpeza, população disputa donativos no município de Água Preta, na Zona da Mata de Pernambuco.

 Foto: Juliana Leitão/DP/D.A Press

( Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/07/02/urbana1_0.asp)

Eu tenho certeza que na agenda do governo federal há muitas reuniões com: engenheiros, técnicos em diversas áreas e níveis, especialistas, pesquisadores, profissionais capacitadíssimos com seus mega projetos, todos bem medidos, orçados e milimetricamente empenhados para a construção e as reformas, com o objetivo de criar estruturas e o que mais for preciso para que os nossos milionários e de outros vários países joguem futebol por alguns dias...algumas horas...

Já deve estar tudo em pauta, priorizado com muito dinheiro e muito empenho! 

Pessoas que perderam tudo não precisam somente de roupas e comida.

Foto: Antônio Cruz/ABr

(Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/07/02/urbana4_0.asp)

Como também, creio que não há o mesmo empenho, o mesmo quebrar de cabeças, o mesmo material humano, técnico e financeiro, com esforços contínuos para tirar HOJE crianças e ratos do mesmo ambiente... Não é a prioridade, nunca foi e eu continuo não entendendo o por que... Porque lá, além dos humanos, há números...há eleitores...

Por que a cada dia, estamos nos tornamos pessoas cada vez mais egoístas, que só pensamos em viver em busca da nossa felicidade, o que vai nos satisfazer, mesmo que momentaneamente, porque afinal em primeiro eu, em segundo eu e em terceiro eu... Será que a felicidade está em sempre estarmos satisfazendo a nós mesmo em primeiro lugar?

Nunca o outro será nossa prioridade, mesmo que esse outro está no meio da lama?

Tenho certeza que lá não é uma prioridade nem para o governo e nem para o pensamento das pessoas, pois estão ocupadas demais, pensando no nome criativo para a bola, ou quem sabe do mascote, do aclamado técnico, do polvo vidente... Mas não estão preocupados com a falta de identidade de cada ser humano debaixo daqueles galpões fétidos, seres humanos aglomerados, sem nome, sem ar, sem esperança.

Isso é só um  exemplo, são quase 20 cidades, mas todos os dias vemos o tão egoístas estamos nos tornando, nos nossos pequenos atos, com pessoas como nós... Basta apenas parar de olhar a vitrine e olhar o em torno...

O outro nunca é nossa prioridade. Até quando doamos, escolhemos o que temos de pior e nunca o melhor que temos!

Realmente àquelas pessoas não são bandeiras para serem erguidas, podem não nos dar o tão buscado orgulho, mas são gente como nós, esperando não só a comida, os calçados, as roupas e os remédios, mas sua vida de volta, da maneira como seguirem...

Eu também não fiz nada além de doações e um e-mail para o governo federal, mas vou continuar lendo e escrevendo sobre isso e outros tantos assuntos que me deixam indignada...

Quem sabe aparece pessoas melhores do que eu, que possam agir mais, com a prioridade do outro!

Teria assunto, centenas de palavras e pensamentos para escrever sobre a indiferença, a injustiça, desigualdades,  falta de amor ao próximo... Essas coisas que ninguém gosta de ler ou pensar, mas  não vou me estender,  vou priorizar somente o caso de Alagoas e Pernambuco...

Em tempo, como o  Fabricío Carpinejar e o Jô Soares não estabeleceram nenhum tipo de comunicação, estou eu, ainda sem conhece-lo (??????). Vou tentar "descifrar" sua mensagem,  por trás da alegoria, lendo-o...

Quem sabe, quem sabe...